A Hispania e o Islão na Idade Média
João Silva de Sousa
1. A Civilização Islâmica
“A presença árabe-muçulmana na Península Ibérica
alargou-se por vários séculos e influenciou a civiliza
ção portuguesa, no período decisivo em que se defi-
nia o seu ser cultural”
(António Dias Farinha, 1986)
alargou-se por vários séculos e influenciou a civiliza
ção portuguesa, no período decisivo em que se defi-
nia o seu ser cultural”
(António Dias Farinha, 1986)
A mensagem religiosa do Islão teve como mentor o profeta Maomé, numa transmissão, a partir da escrita e da sua própria interpretação, profundamente basilar à civilização arábico-muçulmana, difundida, ao pormenor, pelos fiéis de Meca, Medina e da região da Arábia Central.
A primeira biografia do Profeta é a interminável colecção de importantes tradições, compiladas em Medina por Muhamad Ibne Ishaq. As suas revelações iniciaram-se cerca do século VI da era de Cristo, no vale rochoso de Meca. Um tradicionalista ortodoxo menciona que, ao chegar o momento da Oração, o Profeta, por hábito, saía e dirigia-se para os vales da cidade. A tradição aponta o Anjo Gabriel a anunciar a Maomé que fora escolhido como o enviado de Deus. Alî, filho de Abû Talib, tio do Profeta, fora o primeiro homem de que há notícia a acreditar no enviado do Senhor, rezando com ele e aceitando a sua mensagem.
Quando Maomé faleceu, Árabes, Muçulmanos e Persas, de crença ecuménica e de espírito missionário, disseminaram-se por vastas áreas habitadas, distintas na sua cultura, civilizações herdeiras dos saberes e técnicas clássicos, pelos quais os islâmicos se deixaram também influenciar. A mutação da capital político-religiosa, primeiro em Medina, depois direccionada a Damasco e ainda a Bagdad, ao longo de dinastias omíadas e abássidas, provoca uma perda da referência de cultura dos primitivos centros islâmicos e de matriz do Islam clássico. Não obstante, a civilização islâmica não deixa de ter todo um conjunto de conhecimentos e práticas únicos e genuínos.
A mentalidade religiosa muçulmana tem um carácter universalista, sem perder a referência às doutrinas de Maomé, valorizando o modelo da Umma, do Islão, da comunidade de crentes, como a organizara e dirigira o Profeta nas cidades de Meca e Medina.
A propósito, escreve António Dias Farinha:
“O quadro mental do muçulmano forma-se a partir do ensino do Livro Sagrado aos jovens, desde a infância, e da obediência aos mandamentos e deveres religiosos codificados na Sharîà, ou Lei islâmica, aplicada pelos qâdis e respeitada pelos chefes políticos”. (1985)
A Sharîa ou Char´ ou Chari’a é o caminho a seguir pelos Muçulmanos, como a via única, composto por regras de ordem jurídica a que não lhes é dado o privilégio de se desviarem um fio de tâmara que seja. É a explicação da lei ou do grupo de leis que regem todos os aspectos da comunidade islâmica. É aplicada pelo qâdi’, ou seja pelo funcionário que detém o poder judicial, sendo juiz e notário, arbitrando acerca de questões relativas à Lei. Era administrativamente auxiliado por um qâdi-l-qodât, um oficial menor, magistrado local, submetido às suas ordens.
Entre o pouco que já referimos, é possível detectar os elementos explicativos da mentalidade islâmica de uma civilização religiosa, de uma “religião do Livro”, a Palavra orientadora da vida moral, dos deveres e dos direitos, e de toda uma vivência. Reflecte uma ideologia da sociedade do Islão, uma comunidade teocrática laica e igualitária, sem a profunda hierarquização característica da Cristandade Ocidental e da sociedade feudal europeia. Contrariamente ao Cristianismo, não existe um equivalente à ordem clerical no Islão. Os fiéis a Deus, na Idade Média, não precisam de intermediários para comunicar com a divindade, como entre os Cristãos, podendo dirigir-se, imediatamente, a Deus, nas suas orações, e assumir as funções que, no Cristianismo, pertenciam à clerezia. Por princípio, não existe o poder de intercessão – shafâ’a – entre o homem e Deus, nem o culto das relíquias e dos Santos do Cristianismo, usados como mediadores na religião cristã.
António Dias Farinha alerta-nos para uma contradição ou tensão no ideal da sociedade muçulmana, conferida pela oposição urbe/campo ou entre a vida na cidade e o apelo do deserto e onde impera o gosto islâmico pelo centro urbano, inclusive, pelas referências a e de Maomé.
O Profeta era citadino e, no início da sua pregação, dirigiu-se ao povo da cidade de Meca. Os próprios deveres religiosos cumpriam-se plenamente na cidade, onde está a mesquita principal (al-masjid al-jam’). É também na cidade e na abrangência da mesquita, que se situa a actividade do Qâdi, zelador da ortodoxia do cumprimento da Lei (Sharî’a), Enquanto isso, os Árabes continuaram ligados aos valores da vida do deserto, morando em tendas e organizados em tribos, imbuídos pela memória dos antepassados heróicos, uma memória veiculada pela poesia popular e pelos contos. Apesar disso, os Árabes fixaram-se nas cidades, reunidos em bairros distintos, bairros esses designados pelo nome por que era conhecida cada tribo ou família. Além da própria sociedade islâmica provocar esta antítese, as chefias políticas também reflectiam esta oposição cidade/campo.
Com o triunfo da religião islâmica, sucedeu uma veloz expansão desta nova religião no final da vida de Maomé (que vem a falecer em 632) e nos primeiros séculos da Hégira. O Islão expandia-se geograficamente, obtendo vitórias militares, a administração, a sede e a construção da mesquita, como centros do estabelecimento, vivência e controle da islamização dos povos submetidos.
1.1. A Arte Islâmica
A arte muçulmana encerra em si um conjunto de manifestações artísticas, correspondentes a diferentes graus de evolução da sua cultura, numa civilização que se expandiu por um vasto território, tendo sido o seu factor de unidade a religião. A arte revela o início da sua história, da religião unificada, através do Verbo. Desta feita, a arte islâmica em Portugal – como em qualquer outro lugar do mundo -, corresponde a um dado momento da evolução civilizacional muçulmana, interagindo com um povo, cuja cultura era totalmente distinta e, pricipalmente, atendamos, no sector religioso que comandava a vida de ambos os povos: os Árabes e os Portugueses. Este facto é deveras compreensível, até porque Árabes, Persas, Berberes e Muçulmanos entraram no nosso território, com o objectivo de invadi-lo e usurpá-lo aos Visigodos (710-716). Apesar da conflitualidade, a arte foi, de certa maneira, bem aceite e facilmente assimilada pelos moçárabes e mudéjares, deixando os seus vestígios e influências. Como se esperava, a arquitectura (religiosa) islâmica, com a “Reconquista”, foi, em grande parte, cristianizada, destruída e profanada, num impulso vingador contra aqueles que o Islão tinha como infiéis.
O fenómeno cultural islâmico caracteriza-se pela sua assimilação, criação e difusão de determinadas formas artísticas. Deu origem à tão propagada arte mudéjar, um estilo que se desenvolveu entre os séculos XII e XVI nos reinos cristãos da Península Ibérica, que incorpora influências, elementos ou materiais de estilo hispano-muçulmano. Trata-se de um fenómeno exclusivamente hispânico que combina e reinterpreta estilos artísticos cristãos (românico, gótico e renascentista) com a arte islâmica. Elementos locais com outros islâmicos.
No campo decorativo, basta atendermos à lindíssima escrita árabe – como a vemos acima -, cujos textos originais eram decalcados na íntegra ou por partes nas paredes, pintadas ou ornamentadas com relevos belíssimos. Tanto bastava. Ou ainda com azulejos reproduzindo partes de textos ou com motivos geométricos de belíssimas cores (Ilustração 4).
A vida muçulmana é regida por uma certa unidade, cujo factor primordial reside na Religião. No entanto, esta unidade vivencial não viria a fazer sentir-se na sua cultura artística eminentemente homogénea. A vasta área do domínio islâmico que, num ápice, partiu do vasto Oriente e arribou à Península Ibérica, cobrindo todo o Norte de África, foi propício, nas suas várias regiões, a distintas representações formais, de que Portugal e Espanha é um perfeito exemplo. A cultura artística berbere, ao ser difundida pelos invasores, interagia com a tradição local, enriquecendo e alterando as suas próprias formulações de origem. A expansão islâmica em outras culturas teve como consequência directa a produção da diversidade artística, consoante o local onde se implantava. Muito além da sua influência na arte dos povos dominados, outro factor originou a diversidade da cultura artística do Islam. Referimo-nos ao factor proveniente do sistema político-social lá desenvolvido, nas suas numerosas variedades étnicas donde saíram diferentes dinastias e assistiu-se à mudança, ao longo do tempo, dos centros de Cultura, segundo as chefias políticas que promoviam, consoante o seu desejo, certas regiões e as construções artísticas nas mesmas. Curioso é o choque de invasores num mesmo local, por exemplo, Nors – que, cronologicamente, alcançaram o seu auge entre os séculos VIII e XI - e Muslims – que chegaram à Península, pelos inícios do século VIII- e a criação de uma cultura onde acaba por imperar, como sempre, a do mais forte.
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No início, a Arábia não conheceu a arquitectura monumental. Quando os Muçulmanos ocuparam a Síria e o Iraque foram imbuídos pela influência bizantina das dinastias sassânidas nesses territórios, onde emanavam aspectos artísticos do mundo mediterrânico e asiático. Os Sassânidas tiveram o seu início com uma dinastia que reinou por mais de quatrocentos anos na Pérsia (Fárs), entre 224 e 651, sem grandes dificultades políticas e de adaptação ao “mundo” desértico e citadino que ocuparam.
(O império Parto, c. de 60 a.C.)
Após a derrota do Império dos Partos – naturais da Pártia, uma região ao norte da Pérsia, a que corresponde hoje o nordeste iraniano -, os Sassânidas, oriundos do Irão Central, edificaram um império que abarcava aquela região, a Mesopotâmia (Caldeia e Assíria) e o Vale do Indo e do Ganges. O seu epónimo é Sâssân, nome de um deus desconhecido, imediatamente abolido, desde a unificação das tribos, atribuída a Maomé.
A arte islâmica, genericamente, desde os seus primeiros impactos com a civilização, caracterizou-se pelo seu sincretismo, na mistura mais ou menos confusa de doutrinas diferentes e, gradualmente, definiu uma identidade própria, mas com as suas diversidades regionais. Apesar das variantes formais desta arte, ela manteve dois aspectos imutáveis: o carácter áulico de uma arte ao serviço do imperium e testemunha do centro urbano onde assenta. A sua arquitectura revelou-se como um foco englobador de outras artes. O edifício, no seu todo, é um verdadeiro suporte da decoração.
A arte islâmica, genericamente, desde os seus primeiros impactos com a civilização, caracterizou-se pelo seu sincretismo, na mistura mais ou menos confusa de doutrinas diferentes e, gradualmente, definiu uma identidade própria, mas com as suas diversidades regionais. Apesar das variantes formais desta arte, ela manteve dois aspectos imutáveis: o carácter áulico de uma arte ao serviço do imperium e testemunha do centro urbano onde assenta. A sua arquitectura revelou-se como um foco englobador de outras artes. O edifício, no seu todo, é um verdadeiro suporte da decoração.
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Voltamos à invasão berbere da Península Ibérica, iniciada em 711, data tradicionalmente apontada. Uma invasão, precedida de uma entrada de reconhecimento, no ano anterior, comandada por Tarif, que foi bem sucedida e rápida, seguindo-se duas de destruição máxima, pela conquista, lideradas, uma por Muça e outra por Tarik. Em apenas três anos, deu origem à quase total conquista do território hispânico, sem dúvida, em 716, já em reorganização. Não só a força militar sarracena fora o argumento de tal êxito, mas também a própria deterioração do Reino Visigodo, no início do século VIII, se tornou num importante condicionador do rápido domínio dos invasores. A dominação muçulmana manteve-se por largo tempo devido à flexibilidade deste povo em relação aos conquistados, ao permitirem, de certa maneira, a prática entre os vencidos, da sua religião. Com a chegada do emir ‘Abd al Rahman I, al-Dahil, em 756, e a mudança da capital de Sevilha para Córdova, o Andalus converteu-se em emiradoindependente. A época de maior esplendor político e cultural ocorre no século X e decorre desde a fundação do califado de Córdova, independente do de Bagdad, ao seu declínio e dissolução em 1031, dando lugar aos reinos de taifas.
É da opinião de alguns autores que não pode falar-se de uma arte islâmica nos primeiros 75 anos de ocupação do território, devido à situação de instabilidade política e à inferioridade numérica dos invasores em relação aos conquistados e pelo facto de, no início, terem utilizado as igrejas cristãs como mesquitas. Do século VIII, conhecem-se construções como a Mesquita Branca de Saragoça e a Mesquita de Elvira, perto de Granada. A primeira manifestação em Córdova, do emirato cordovês, é a mesquita-maior (Ilustração 2). Nesta, aliam-se elementos das tradições hispano-romana e visigoda, com as influências síria e norte-africana; a cronologia desta mesquita compreende o espaço de 758 à queda do califado em 1031, com Hisham III, al-Mu’tali [1027-1031]. Os reinados de ’Abd al Rahman III, al Nasir [929-961] e de seu filho al-Hakam II, al- Mustansir [961-976] constituem o período de apogeu do califado omíada, no que se consolida o aparato estatal cordovês (Ilustração 14). A Fitna - período de instabilidade e guerra civil que levou o Califado de Córdova ao colapso, em 1031-, começou em 1008/1009, com um golpe de “Estado” que implicou o assassinato do Abd al-Malik al-Muzaffar [975-1002-1008], filho de Almançor, a deposição de Hisham II al-Hakam, em 1013, e a ascensão ao poder de Sulayman, al Musta’in, bisneto de ‘Abd al Rahman III.
No fundo, encontravam-se também problemas como a exasperante pressão fiscal necessária para financiar o custo dos esforços bélicos. Córdova e os seus arrabaldes foram saqueados repetidas vezes. A queda do califado implicou, consequentemente, a perda definitiva da hegemonia do al-Andalus e a sua ruína como metrópole.
A mesquita de Córdova (Ilustração 2) é um importante testemunho do legado islâmico na Península Ibérica e nela se vê a acção construtiva de cada um dos emires e califas cordoveses em ampliações e modificações. Construções, visando a adaptação de um espaço às necessidades de uma cidade em crescimento, além de imortalizar os nomes do governador, do vizir e do arquitecto na História. Apesar de cada um dos líderes governamentais deixar a sua marca, houve por parte deles um respeito pelas obras dos antecessores e a procura da unidade estética do conjunto, sem se deixar de identificar cada fase construtiva, ou os nomes dos arquitectos que figuram sempre.
1.2. A cidade islâmica
O percurso do Islão iniciou-se com a pregação do profeta Maomé às populações. Contudo, este não foi bem sucedido no início da sua predicação e, por este facto, teve de emigrar para outra cidade, daí se explicando a Hégira (622, a fuga de Maomé de Meca para Medina ou Yatrib, marcando o início de nova cronologia, o ano 1 da Era muçulmana). Nesses primórdios, este centro urbano tem o nome de Yatrib, nos documentos anteriores à Hégira. Todavia, posteriormente, dá-se a mudança de designação desta cidade para Mâdina, durante a permanência de Maomé na cidade. A tradição explica ser este substantivo a abreviatura de Madînat- -al-Nabî – “a cidade do Profeta” -, homenageando esta personagem. A presente explicação é, no entanto, ambígua, dado que a cidade de origem do profeta é Meca, e a cidade continuou a ser o lugar santo dos Muçulmanos. As dúvidas permanecem quanto ao significado da mutação do nome do centro urbano de Yatrib. Mas o termo “Medina” persistirá para designar a cidade islâmica, cada uma com a sua mesquita, ou local de culto, dado que foi, logo após 622, que, em Medina, se ergueu a primeira mesquita.
Os Muçulmanos conquistadores instalavam-se nas cidades conquistadas, desprezando o campo, em centros urbanos como Damasco (capital do califado omíada) e na maioria das cidades da Península Ibérica. Fundaram muitas outras, por duas ordens de razões: no desejo de erguer uma capital, símbolo do poder islâmico, como é o caso de Bagdad; ou quando as cidades existentes não estavam nas vias de comunicação utilizadas por eles, como são casos Kairouan ou Cairuão / Fez, no caminho que ligava todo o Oriente de Marrocos, desde a actual Tunísia. Na Península Ibérica, menciona-se a fundação das cidades de Múrcia, Lérida e Almeria.
Segundo Torres-Balbás, contabilizam-se na Península vinte e duas cidades de fundação muçulmana. Na segunda metade do século VIII, terminara a época das grandes conquistas da primeira expansão muçulmana. Na época, nos territórios conquistados, organizava-se o poder, na Península Ibérica sob os Omíadas. Foi a primeira dinastia de califas do profeta Maomé que, embora não sendo do seu sangue, pertenciam também a uma tribo de Meca — os Curaixitas. A primeira dinastia reinou de 651 a 750. Ironicamente, o clã curaixita de onde foram provenientes os Umayyadas (Omíadas) teria sido, no passado, inimigo do próprio Maomé. O Califado Omíada estabelecido em 651, durou cerca de um século, como se viu. Todos os califas da dinastia eram descendentes de Umayya Ibn Abd Shams, cidadão da Makkah (Meca) e membro da tribo Coraix (Quraysh - Coraixitas), que viveu, pelo menos, duas gerações antes do Profeta Muhammad. O califa Omíada mais conhecido é provavelmente Abd al-Malik [685-705], que mandou edificar a Mesquita da Cúpula da Rocha de Jerusalém, emitiu a primeira moeda muçulmana e adoptou a utilização do Árabe como a língua oficial da administração.
A Grande Mesquita de Damasco (construída a partir da igreja bizantina de São João) e a Mesquita Aqsa de Jerusalém foram construções dos Omíadas.
Nenhum dos califas da dinastia marwan (descendente de Marwan Ibn al-Hakam, que tomou posse do califado em 684) exerceu o poder por muito tempo, com excepção de Hisham, que governou de 724 a 744. Durante este período, os Muçulmanos expandiram o território islâmico até França, quando foram interrompidos pelos Francos em 736 (Tours). Quando Hisham morreu, em 743, o império estava envolvido numa série de revoltas e foi nesta época que os Abássidas conseguiram destronar a dinastia Omíada. Os Abássidas eram descendentes de al-Abbas ibn Ali Abu Talib, primo do Profeta Muhammad (Ilustração 15), filho de um tio deste, de nome Ali ibn Abi Talib. Foi, então, que estes se aliaram aos 'Alidas, e com seus exércitos unificados, derrotaram o último califa marwanida; Marwan II. O líder dos Abássidas era Abul 'Abbas, que assumiu o califado, e pôs um fim a dinastia Omíada, fazendo-a dar lugar, em 750, à dos Abássidas.
Na região ibérica, desenvolveu-se uma civilização rica, a do Islam, que por aí deixaria um amplo património cultural. Os muçulmanos carragavam consigo a herança da cultura do mundo persa, greco-bizantino e romano cristão. Constantinopla fora sobretudo admirada pelos Muçulmanos.
A localização geográfica da cidade, em geral, tinha uma certa preferência pela proximidade das margens dos rios, a fim de a população poder contar, permanentemente, com água, em quantidade suficiente para beber. Os habitantes precisavam dela ainda para as abluções, cinco lavagens de todos os homens, cinco vezes por dia, antes de orarem nas mesquitas ou onde quer que fosse, desde que voltados para Meca. Igualmente útil para a agricultura, da qual o muçulmano conhecia, nas verduras e fruteiras, um grande desenvolvimento e também pelo papel que teve no imaginário árabe, em geral. Ibn Haldûn dizia ser a existência de água a primeira condição para a escolha de uma cidade, explicando-se pelo facto de a água ser um dom de Deus. Construíam-se para o efeito poços-cisternas bem solidamente revestidos de pedra local (Ilustração 12). Como curiosidade, é de referir a importância dada pelos Muçulmanos à Astrologia como auxiliar da escolha da data de iniciação da construção de um centro urbano.
O povo muçulmano deixou as suas marcas bem vincadas na concepção da vila/cidade, de tal modo que a tradição moura influenciou a planta medieval ibérica da urbe. Os Muçulmanos, ao ocuparem este território, em 711-716, exceptuaram a estreita faixa das Astúrias que pode manter-se como reino cristão, onde o fenómeno urbano estava enfraquecido e sedento de impulsionamento.
(Mesquita al Aqsa de Jerusalém)
Nas restantes partes, o invasor mouro encontrou um meio muito ruralizado e preparado para ser urbanizado, preenchendo os ímpetos urbanos desta civilização da cidade. Ela oferecia uma nova mentalidade, uma diferente cultura, edificaria um enovador edifício administrativo e político. É uma civilização voltada para Deus; regulada pela religião, direito, arte e arquitectura; pelo Alcorão, em que Deus é uno e omnisciente e Maomé, o seu Profeta, sendo, a partir deste último, formulada a cronologia islâmica, como já o referimos acima.
Desta “civilização citadina” nascem florescentes cidades, como Córdova, Toledo e Mértola que se juntam às já antes referidas. O novo conceito de centro urbano, implantado pelos Sarracenos em Portugal, centrou-se em vários parâmetros, entre eles, o mais importante fora, sem dúvida, a questão defensiva, concretizada pela arquitectura militar. No espírito mouro, era crucial que a cidade fosse provida de boas condições de defesa, para estar protegida contra os ataques desferidos pelos monarcas dos reinos do Norte ou contra o soberano de Portugal e o meio mais utilizado baseou-se na construção de muralhas e na fortificação de edifícios (Ilustrações 8, 9, 10, 11e 13). Note-se a ponte de Ucanha, sobre o rio Barosa, no actual concelho de Tarouca (nesta etapa do ano tão falados), a poucos quilómetros de Lamego, com sua torre, reconstruída sobre fundações mouras (Ilustração 11) é um exemplo único que permaneceu até hoje no nosso País, com três objectivos: defesa, ostentação senhorial e cobrança de costumagens (saídas e entradas ou portagens), como no-lo diz José Leite de Vasconcellos e de que não parece ter dúvidas Armando de Almeida Fernandes.
Nessa linha de pensamentos, a escolha do terreno era importante na implantação de novos centros urbanos. Os solos tinham de ser acidentados, elevados e de difícil acesso ao inimigo. Como a documentação deixa transparecer devia ser insuper e não subtus, mas discurrente (ao longo) de um rio. Na parte mais alta do recinto urbano, situava-se a alcáçova de regular extensão (Ilustrações 8, 10, 13). Esta seria a última estrutura a ser alcançada no ataque inimigo, sendo a derradeira defesa contra este, pelo que possuía uma saída independente para o exterior, permitindo ao grupo militar e administrativo uma fuga discreta sem passar pelas ruas da cidade (Almeida Fernandes refere-o bastas vezes). A alcáçova, a cidadela murada, era também útil em caso de revoltas internas, por coincidir com a residência do governador e dos seus homens. O invasor podia ocupar o centro urbano ou o casario, mas nunca o interior daquela, suportando-se por algum tempo o cerco. Era uma estrtatégia impeditiva de muitas vitórias guerreiras, como o testemunha a história do nosso País. Temos o exemplo de 1169, quando D. Afonso Henriques vem a Badajoz em ajuda a Geraldo Geraldes, ocupando as ruas e o casario, mas perdendo esta batalha por não ter conseguido alcançar a alcáçova.
Para além da questão defensiva, em torno da qual a cidade islâmica se organiza, o aspecto climático e o factor religioso são importantes na definição do traçado urbano. O segundo factor formulador das cidades hispano-muçulmanas é, de facto, o clima. As temperaturas, na Idade Média, relativamente ao Norte de África e à Península Ibérica, eram consideradas elevadas pelos autores, havendo, pois, a procura do elemento sombra, materializado na construção de ruas estreitas impedindo a entrada dos raios solares, caracterizando as ruas pela sua frescura. Os espaços abertos nestas, entre oo topo dos prédios, uniam o casario através de um tecido grosso, um brurel espesso, com as funções da lona dos nossos dias.
Quanto ao factor religioso, este era um forte condicionante à fundação da cidade. O muçulmano via a casa como espaço de retiro do crente, onde medita e jejua. Por isso, a rua apenas limita as praças e habitações, não sendo, de todo, um local de troca de ideias. As ruas principais interceptam-se no centro, onde se acha o núcleo cultural, comercial, administrativo e religioso. Estes trilhos estreitos eram, por vezes, também cobertos com arcos unindo o casario. Facto importante é a organização da cidade se inspirar no Alcorão, conjunto das revelações de Deus e da Sunna, uma fonte do direito muçulmano que se baseia na tradição relacionada com Maomé, com o seu comportamento, sendo, pois, constituída pelo somatório dos actos do Profeta que serviam de orientação aos crentes. Ambas redundariam no Livro dos Seguidores ou Crentes, pela Qar’a que significa ler, recitar, declamar, sendo, sob o ponto de vista da religáo muçulmana, a revelação que Maomé recebia de Deus e que tornara pública posteriormente.
Assim, também as plantas topográficas das cidades muçulmanas ibéricas seguiram, regra geral, modelos triangulares ou trapezoidais, envolvidas por muralhas. Estas, com a sua função defensiva, tão necessárias nesta época de instabilidade e lutas constantes, são simultaneamente indicadoras da dinâmica da cidade ao apontar o crescimento e desenvolvimento da vila ou cidade, visível nos alargamentos sofridos pela muralha. Quando estes alargamentos não ocorriam, eram sintoma do declínio da urbe.
O centro urbano gizado pelos muçulmanos foi originário de um contraste no futuro território português entre o sul resplandescente de vilas e cidades islâmicas e as povoações do Norte, especificamente rurais. Indubitavel nos parece que a permanência islâmica fomentara a urbanização. Cada exemplar é concebido como um espaço hermético, obscuro e fechado como um santuário, e orientado segundo a interpretação do Livro Sagrado. Este tipo de cidade, quando comparado com as cidades romana e a helénica, sugere um evidente empobrecimento por não ter espaços simbólicos e lúdicos como a ágora, o circo ou o teatro. Contudo, ela não deixa de ser fascinante pelo seu carácter labiríntico, com as suas ruas estreitas, angulosas e sombrias, com os edifícios voltados para o interior e não para o exterior, como nas demais civilizações.
Na Península Ibérica, presenciamos diversos desenvolvimentos urbanos, por exemplo, nas cidades de Córdova, Múrcia, Sevilha, Toledo, entre outras… que foram desenhadas segundo um traçado de tipo oriental, enquanto, no Norte da Península, o esquema seguido foi diferente, reunindo-se os povoadores em torno dos castelos e mosteiros.
O núcleo principal da cidade muçulmana é a medina, como ficou dito, e nela se agrupam:
a mesquita, o lugar onde se reza a Deus;
a madrasa, ou escola – colégio teológico que funcionava sob o princípio da contrapropaganda sunnita;
o palácio que representava a sede do poder onde se aplicam as leis:
o soukh ou suq, ou seja, o lugar da realização dos mercados;
e a alcaçaria, ou as ruas comerciais;
Extra-muros, localizavam-se espaços para as festas religiosas, revistas militares (onde os anadéis faziam os alardos), e desportos. Nestes locais, podiam também organizar-se as feiras periódicas. O cemitério, ou almocavar, localizava-se também fora das muralhas. E, no arrabalde, havia as hortas, os pomares e casas de recreio dos habitantes, pagos pelo erário público e por impostos compulsivos como a Fitra.
Desta “civilização citadina” nascem florescentes cidades, como Córdova, Toledo e Mértola que se juntam às já antes referidas. O novo conceito de centro urbano, implantado pelos Sarracenos em Portugal, centrou-se em vários parâmetros, entre eles, o mais importante fora, sem dúvida, a questão defensiva, concretizada pela arquitectura militar. No espírito mouro, era crucial que a cidade fosse provida de boas condições de defesa, para estar protegida contra os ataques desferidos pelos monarcas dos reinos do Norte ou contra o soberano de Portugal e o meio mais utilizado baseou-se na construção de muralhas e na fortificação de edifícios (Ilustrações 8, 9, 10, 11e 13). Note-se a ponte de Ucanha, sobre o rio Barosa, no actual concelho de Tarouca (nesta etapa do ano tão falados), a poucos quilómetros de Lamego, com sua torre, reconstruída sobre fundações mouras (Ilustração 11) é um exemplo único que permaneceu até hoje no nosso País, com três objectivos: defesa, ostentação senhorial e cobrança de costumagens (saídas e entradas ou portagens), como no-lo diz José Leite de Vasconcellos e de que não parece ter dúvidas Armando de Almeida Fernandes.
Nessa linha de pensamentos, a escolha do terreno era importante na implantação de novos centros urbanos. Os solos tinham de ser acidentados, elevados e de difícil acesso ao inimigo. Como a documentação deixa transparecer devia ser insuper e não subtus, mas discurrente (ao longo) de um rio. Na parte mais alta do recinto urbano, situava-se a alcáçova de regular extensão (Ilustrações 8, 10, 13). Esta seria a última estrutura a ser alcançada no ataque inimigo, sendo a derradeira defesa contra este, pelo que possuía uma saída independente para o exterior, permitindo ao grupo militar e administrativo uma fuga discreta sem passar pelas ruas da cidade (Almeida Fernandes refere-o bastas vezes). A alcáçova, a cidadela murada, era também útil em caso de revoltas internas, por coincidir com a residência do governador e dos seus homens. O invasor podia ocupar o centro urbano ou o casario, mas nunca o interior daquela, suportando-se por algum tempo o cerco. Era uma estrtatégia impeditiva de muitas vitórias guerreiras, como o testemunha a história do nosso País. Temos o exemplo de 1169, quando D. Afonso Henriques vem a Badajoz em ajuda a Geraldo Geraldes, ocupando as ruas e o casario, mas perdendo esta batalha por não ter conseguido alcançar a alcáçova.
Para além da questão defensiva, em torno da qual a cidade islâmica se organiza, o aspecto climático e o factor religioso são importantes na definição do traçado urbano. O segundo factor formulador das cidades hispano-muçulmanas é, de facto, o clima. As temperaturas, na Idade Média, relativamente ao Norte de África e à Península Ibérica, eram consideradas elevadas pelos autores, havendo, pois, a procura do elemento sombra, materializado na construção de ruas estreitas impedindo a entrada dos raios solares, caracterizando as ruas pela sua frescura. Os espaços abertos nestas, entre oo topo dos prédios, uniam o casario através de um tecido grosso, um brurel espesso, com as funções da lona dos nossos dias.
Quanto ao factor religioso, este era um forte condicionante à fundação da cidade. O muçulmano via a casa como espaço de retiro do crente, onde medita e jejua. Por isso, a rua apenas limita as praças e habitações, não sendo, de todo, um local de troca de ideias. As ruas principais interceptam-se no centro, onde se acha o núcleo cultural, comercial, administrativo e religioso. Estes trilhos estreitos eram, por vezes, também cobertos com arcos unindo o casario. Facto importante é a organização da cidade se inspirar no Alcorão, conjunto das revelações de Deus e da Sunna, uma fonte do direito muçulmano que se baseia na tradição relacionada com Maomé, com o seu comportamento, sendo, pois, constituída pelo somatório dos actos do Profeta que serviam de orientação aos crentes. Ambas redundariam no Livro dos Seguidores ou Crentes, pela Qar’a que significa ler, recitar, declamar, sendo, sob o ponto de vista da religáo muçulmana, a revelação que Maomé recebia de Deus e que tornara pública posteriormente.
Assim, também as plantas topográficas das cidades muçulmanas ibéricas seguiram, regra geral, modelos triangulares ou trapezoidais, envolvidas por muralhas. Estas, com a sua função defensiva, tão necessárias nesta época de instabilidade e lutas constantes, são simultaneamente indicadoras da dinâmica da cidade ao apontar o crescimento e desenvolvimento da vila ou cidade, visível nos alargamentos sofridos pela muralha. Quando estes alargamentos não ocorriam, eram sintoma do declínio da urbe.
O centro urbano gizado pelos muçulmanos foi originário de um contraste no futuro território português entre o sul resplandescente de vilas e cidades islâmicas e as povoações do Norte, especificamente rurais. Indubitavel nos parece que a permanência islâmica fomentara a urbanização. Cada exemplar é concebido como um espaço hermético, obscuro e fechado como um santuário, e orientado segundo a interpretação do Livro Sagrado. Este tipo de cidade, quando comparado com as cidades romana e a helénica, sugere um evidente empobrecimento por não ter espaços simbólicos e lúdicos como a ágora, o circo ou o teatro. Contudo, ela não deixa de ser fascinante pelo seu carácter labiríntico, com as suas ruas estreitas, angulosas e sombrias, com os edifícios voltados para o interior e não para o exterior, como nas demais civilizações.
Na Península Ibérica, presenciamos diversos desenvolvimentos urbanos, por exemplo, nas cidades de Córdova, Múrcia, Sevilha, Toledo, entre outras… que foram desenhadas segundo um traçado de tipo oriental, enquanto, no Norte da Península, o esquema seguido foi diferente, reunindo-se os povoadores em torno dos castelos e mosteiros.
O núcleo principal da cidade muçulmana é a medina, como ficou dito, e nela se agrupam:
a mesquita, o lugar onde se reza a Deus;
a madrasa, ou escola – colégio teológico que funcionava sob o princípio da contrapropaganda sunnita;
o palácio que representava a sede do poder onde se aplicam as leis:
o soukh ou suq, ou seja, o lugar da realização dos mercados;
e a alcaçaria, ou as ruas comerciais;
Extra-muros, localizavam-se espaços para as festas religiosas, revistas militares (onde os anadéis faziam os alardos), e desportos. Nestes locais, podiam também organizar-se as feiras periódicas. O cemitério, ou almocavar, localizava-se também fora das muralhas. E, no arrabalde, havia as hortas, os pomares e casas de recreio dos habitantes, pagos pelo erário público e por impostos compulsivos como a Fitra.
1.3. A Mesquita
“The learned Jew converted to Islam,
proposed to the caliph ‘Omar that the
place of prayer, in Jerusalem, should
be fixed North of the Sakhra, so that
the Muslims should turn during their
prayers, towards the Holy Rock, and
the Ka’ba a stone at the same time”.
(Edward Smith)
proposed to the caliph ‘Omar that the
place of prayer, in Jerusalem, should
be fixed North of the Sakhra, so that
the Muslims should turn during their
prayers, towards the Holy Rock, and
the Ka’ba a stone at the same time”.
(Edward Smith)
(A Kaaba)
A mesquita é o edifício fundamental, religioso do Islam. É comummente designada pela palavra masyid, que significa “lugar santo”, no sentido de cidade santa. O Islão possui três masyid: Meca, Medina e Jerusalém – “E lembrai-vos – diz-se no Alcorão – quando Nós fizemos do Templo de Meca um local de visitação e um asilo para os Homens, quando estes fizeram do Maqâm de Abraão, um lugar de Oração! Nós estabelecemos um pacto com Abraão e Ismael, dizendo-lhes:´Purificai o Meu Templo para os que fazem a circumambulação, para os que fazem retiros piedosos (‘akafa), para os que se inclinam e prosternam’” (Sûra II, vers. 119).
Contudo, cedo começou a designar-se de masyid a morada onde se reunia o profeta de Deus com os seus fiéis para rezar e tratar das questões da comunidade, tal como o modo de aplicação da lei (Processual Civil e Criminal, Comercial, de Família e das Coisas, de Direito Internacional, de Direito Público e Privado). Assim, a casa de Maomé converteu-se num lugar santo, num local de oração para os Muçulmanos que procuraram imitar o seu arquétipo para os edifícios onde se praticavam as mesmas funções. Maomé tinha perfeita noção da difuldade que teria em unir as tribos e pregar-lhes a palavra de Deus, fazendo-os aceitá-LO e ao que viria a ser o Seu Livro.
As primeiras mesquitas do Islão seguem o modelo básico da morada do Profeta, local transformado em santuário após a sua morte. As mesquitas têm como elementos uma parte coberta – o haram – que se estende ao longo da qibla, a qual assinala a orientação para Meca, e um extenso pátio – o sahn – geralmente rodeado por pórticos, proporcionando uma zona de sombras.
Amesquita (Ilustrações 1, 2 e 3) inclui uma sala de oração para onde os fiéis fazem as preces (sâla), virados para Meca (a qibla, ou orientação, direcção, como acima ficou referido).
Apesar da mesquita ter por objectivo a orientação, o muçulmano podia orar noutro local e só, sem deixar de fazer as suas abluções e de estar orientado para Meca. Mas tinha a obrigatoriedade de, ao meio-dia de sexta-feita, reunir-se com a comunidade na Masiyd-i-Yuma, a Mesquita-Maior, a principal da cidade. Nessa reunião, praticavam a oração numa congregação sob a direcção do chefe, o califa, ou de um seu representante religioso, o imâm, palavra que podia designar o califa sunita na sua qualidade de dirigente da comunidade dos crentes ou personagens veneradas pela sua doutrina e pela sua vida, ou, ainda, aquele que preside e orienta a oração feita em grupo. Os Xiitas chamavam-no como tal, ao ascendende de ‘Alî, reconhecido por eles como chefe da sua comunidade.
O imâm proferia a sua alocução, a jutna, sentado numa cadeira elevada, de nome minbar, no centro da qibla. Este móvel era a representação simbólica da cadeira de Maomé, remetendo para o sentido teocrático do Islão.
Além dos elementos referidos, a mesquita tem o mirabe, o minarete e a maqsura, elementos que não existiam na Casa de Maomé.
O mirabe (Ilustração 5) é um pequeno nicho aberto no muro da qibla. A sua forma e decoração profusa levantaram algumas questões por parte dos historiadores. Este elemento tem um carácter simbólico, representando o lugar onde Maomé permanecia como imâm da Medina. Tem uma forma circular, provavelmente, introduzida por artesãos coptas nesta cidade, no ano de 706, na sua mesquita.
O minarete ou manâra (Ilustrações 3 e 6) é a torre de onde o almuadém chama os Muçulmanos para a oração. Os minaretes situam-se nos ângulos das paredes da mesquita. A sua origem provém das torres angulares de um santuário clássico, sobre o qual se costruiu a Basílica de Damasco que aqueles assimilaram. A partir daí, o minarete surge em quase todas as mesquitas, sem apresentar uniformidade no número e localização.
A forma prismática, mantida nos primeiros tempos do Islão, tornou-se usual no Norte de África e em Castela.
A maqsura (Ilustração 7) é a parte do oratório usada pelo califa ou pelos grandes chefes. É um elemento exclusivo das mesquitas-maiores. Este local foi delimitado e isolado, devido aos atentados ocorridos contra alguns califas durante a oração.
A mesquita encarnava a função religiosa, mas também abrangia o cumprimento de outros objectivos. Este edifício também relegou para si a administração da justiça. Esta função era aí praticada por estar profundamente ligada ao estudo do Alcorão e da lei canónica, a char’ ou charî’a, isto é, o caminho a seguir pelos Muçulmanos como via única, composto por regras de ordem jurídica. É a explicação da lei ou de um grupo de leis que regiam todos os aspectos da comunidade islâmica. As contendas eram arbitradas pelo cheikh, sem que ele tivesse poderes coercitivos. Havia, pois, o al-qadî, este com dependências na própria mesquita ou em edifícios anexos à mesma. Outra função aplicada à mesquita era o ensino, executado sob a sombra dos pórticos ou nas arcadas que circundam o pátio das abluções, ou em recintos próprios anexos – as escolas (madrasah) – servindo também de residência aos alunos e centro de convívio, com biblioteca e refeitório.
A própria vida financeira girava também em torno da mesquita, o tesouro achava-se dentro do seu espaço interior, sob a sua guarda, entre outras coisas.
Os banhos públicos (hammam) para a purificação dos habitantes, estavam também a cargo dos serviços do templo.
A hospitalidade, um preceito moral e ético islâmico e regulado pelo direito aos visitantes da cidade, era também uma responsabilidade da mesquita que oferecia o alojamento.
Contudo, cedo começou a designar-se de masyid a morada onde se reunia o profeta de Deus com os seus fiéis para rezar e tratar das questões da comunidade, tal como o modo de aplicação da lei (Processual Civil e Criminal, Comercial, de Família e das Coisas, de Direito Internacional, de Direito Público e Privado). Assim, a casa de Maomé converteu-se num lugar santo, num local de oração para os Muçulmanos que procuraram imitar o seu arquétipo para os edifícios onde se praticavam as mesmas funções. Maomé tinha perfeita noção da difuldade que teria em unir as tribos e pregar-lhes a palavra de Deus, fazendo-os aceitá-LO e ao que viria a ser o Seu Livro.
As primeiras mesquitas do Islão seguem o modelo básico da morada do Profeta, local transformado em santuário após a sua morte. As mesquitas têm como elementos uma parte coberta – o haram – que se estende ao longo da qibla, a qual assinala a orientação para Meca, e um extenso pátio – o sahn – geralmente rodeado por pórticos, proporcionando uma zona de sombras.
Amesquita (Ilustrações 1, 2 e 3) inclui uma sala de oração para onde os fiéis fazem as preces (sâla), virados para Meca (a qibla, ou orientação, direcção, como acima ficou referido).
Apesar da mesquita ter por objectivo a orientação, o muçulmano podia orar noutro local e só, sem deixar de fazer as suas abluções e de estar orientado para Meca. Mas tinha a obrigatoriedade de, ao meio-dia de sexta-feita, reunir-se com a comunidade na Masiyd-i-Yuma, a Mesquita-Maior, a principal da cidade. Nessa reunião, praticavam a oração numa congregação sob a direcção do chefe, o califa, ou de um seu representante religioso, o imâm, palavra que podia designar o califa sunita na sua qualidade de dirigente da comunidade dos crentes ou personagens veneradas pela sua doutrina e pela sua vida, ou, ainda, aquele que preside e orienta a oração feita em grupo. Os Xiitas chamavam-no como tal, ao ascendende de ‘Alî, reconhecido por eles como chefe da sua comunidade.
O imâm proferia a sua alocução, a jutna, sentado numa cadeira elevada, de nome minbar, no centro da qibla. Este móvel era a representação simbólica da cadeira de Maomé, remetendo para o sentido teocrático do Islão.
Além dos elementos referidos, a mesquita tem o mirabe, o minarete e a maqsura, elementos que não existiam na Casa de Maomé.
O mirabe (Ilustração 5) é um pequeno nicho aberto no muro da qibla. A sua forma e decoração profusa levantaram algumas questões por parte dos historiadores. Este elemento tem um carácter simbólico, representando o lugar onde Maomé permanecia como imâm da Medina. Tem uma forma circular, provavelmente, introduzida por artesãos coptas nesta cidade, no ano de 706, na sua mesquita.
O minarete ou manâra (Ilustrações 3 e 6) é a torre de onde o almuadém chama os Muçulmanos para a oração. Os minaretes situam-se nos ângulos das paredes da mesquita. A sua origem provém das torres angulares de um santuário clássico, sobre o qual se costruiu a Basílica de Damasco que aqueles assimilaram. A partir daí, o minarete surge em quase todas as mesquitas, sem apresentar uniformidade no número e localização.
A forma prismática, mantida nos primeiros tempos do Islão, tornou-se usual no Norte de África e em Castela.
A maqsura (Ilustração 7) é a parte do oratório usada pelo califa ou pelos grandes chefes. É um elemento exclusivo das mesquitas-maiores. Este local foi delimitado e isolado, devido aos atentados ocorridos contra alguns califas durante a oração.
A mesquita encarnava a função religiosa, mas também abrangia o cumprimento de outros objectivos. Este edifício também relegou para si a administração da justiça. Esta função era aí praticada por estar profundamente ligada ao estudo do Alcorão e da lei canónica, a char’ ou charî’a, isto é, o caminho a seguir pelos Muçulmanos como via única, composto por regras de ordem jurídica. É a explicação da lei ou de um grupo de leis que regiam todos os aspectos da comunidade islâmica. As contendas eram arbitradas pelo cheikh, sem que ele tivesse poderes coercitivos. Havia, pois, o al-qadî, este com dependências na própria mesquita ou em edifícios anexos à mesma. Outra função aplicada à mesquita era o ensino, executado sob a sombra dos pórticos ou nas arcadas que circundam o pátio das abluções, ou em recintos próprios anexos – as escolas (madrasah) – servindo também de residência aos alunos e centro de convívio, com biblioteca e refeitório.
A própria vida financeira girava também em torno da mesquita, o tesouro achava-se dentro do seu espaço interior, sob a sua guarda, entre outras coisas.
Os banhos públicos (hammam) para a purificação dos habitantes, estavam também a cargo dos serviços do templo.
A hospitalidade, um preceito moral e ético islâmico e regulado pelo direito aos visitantes da cidade, era também uma responsabilidade da mesquita que oferecia o alojamento.
2. Contextualização e Legados
Portugal pode considerar-se herdeiro da cultura islâmica, uma herança resultante de 500 anos [710-1249] de dominação muçulmana, legadora de diversas vertentes culturais, ainda hoje visíveis.
Um dos contributos mais evidentes desta civilização é, sem dúvida, o vocabulário, embora não passe de substantivos, em nada comparável com o legado latino, o qual é demonstrativo da própria construção da frase e de um número de verbos e nomes absolutamente incontáveis. Quanto à influência muçulmana, neste sector, tudo leva a crer que não tenha ultrapassado as 800 palavras ou mesmo nem tivesse chegado a tão estreito léxico. Algumas, inclusive, acabaram por desaparecer do nosso Dicionário, sobretudo no que respeita ao âmbito da Administração. Ficam alfaias de casa, numenclatura médica (em número reduzido), nomes respeitantes à alimentação… e, acima de tudo, o mais importante, indiscutivelmente, a numeração e a introdução do zero que trouxeram das terras da actual China.
Dentro do repertório construído islâmico, a arquitectura militar é , indobitavelmente, dominante, nos finais da alta Idade Média. Reflexo disso, era a existência, no século X, em todas as cidades, de uma alcáçova ou torre alta da fortificação, das quais poucos vestígios sobreviveram. Carlos Alberto Ferreira de Almeida aponta, como importante evidência, a do Castelo de Santa Maria da Feira - uma construção torriforme, habitacional, dos finais do gótico, que assenta sobre uma alcáçova muçulmana. O arco da sua entrada principal na origem - hoje alargado -, teria sido em forma de ferradura, numa arcada, seguindo a técnica cordovesa. O Autor data esta base da alcáçova, pertencente ao Castelo de Santa Maria da Feira, do século X ou XI (Ilustração 10).
Entre este património construído, legado da ocupação islâmica, contam-se vários castelos levantados com taipa, com objectivos defensivos, dominando as vias de comunicação do Gharb al-Andalus. Os castelos são os principais vestígios arquitectónicos legados pelos Muçulmanos entre os séculos VIII e XII. Como exemplo destas fortificações, temos o de Alcácer do Sal, interessante pela sua contextualização histórica e de localização estratégica ao dominar a entrada de um amplo território. Outros são os exemplos de castelos islâmicos, como os de Beja, Coimbra, Elvas, Évora, Faro, Lisboa, Mértola, Santa Maria da Feira, Silves, entre outros. Nestes fortes, está presente a utilização islâmica da taipa na arquitectura militar, profusamente divulgada e difundida pela Península Ibérica no tempo do domínio islâmico. No entanto, a taipa não tem origens islâmicas, nem a sua utilização na Península Ibérica se fez apenas no período muçulmano; a sua utilização já se evidenciava ao tempo da ocupação romana, mas a civilização islâmica em Portugal incrementou e foi influente no seu uso e no do adobe. Estes eram conhecidos desde a mais remota antiguidade e teve um uso generalizado em áreas do Mediterrâneo, sendo, ainda hoje, perceptíveis como sitemas essenciais de construção nas Províncias do Sul do nosso País. Também, no levantamento de paredes e divisórias de casas de pedra, típicas, que podem ser vistas, não obstante o andar dos tempos, na nossa actual Beira Interior. Exemplos desta brilhante aplicação técnica são as muralhas de Silves, Paderne e Alcácer do Sal, evidenciando taipa militar das dinastias Almorávida e Almoada (Ilustrações 16 e 17), semelhantes às taipas das muralhas de várias medinas do reino de Marrocos.
A unidade, a globalidade, a contemplação, a escrita cúfica como elemento decorativo e como sistema transmissor religioso constituíram-se como príncípios gerais da decoração e da arte islâmica, em geral.
Um dos mais importantes contributos dos Muçulmanos foi o surgimento de um novo urbanismo e uma outra arquitectura trazidos para a Península Hispãnica e, no nosso caso específico, sobretudo para o Centro e Sul.
Entre as cidades portuguesas islamizadas e que ainda, século após século, são capazes de revelar alguns destes elementos aqui trazidos a lume – o seu castelo, materiais de construção, solidez militar e decoração -, contam-se Alcácer do Sal, Évora, Lisboa, Mértola, Santarém, Sesimbra, Óbidos, Palmela, Silves e Sintra, como as mais sintomáticas. Atendamos às suas muralhas e aos espaços da cidade.
*
Esta civilização sobre a qual nos detivemos sinteticanente, e característica do Sul da Europa e do Norte de África, nas zonas periféricas, teve uma extrema relevância na época. De uma importância no alargamento do saber, pelas tradições islâmicas - que não podemos considerar mais fechadas na sua evolução e áreas do que as cristãs, proibidas de serem explicadas e veiculadas para o Exterior, segundo regras rígidas da Igreja Católica -, temos o caso de Toledo, um brilhante centro cultural e intelectual, retirando-se ensinamentos no ensino do quadrivium, pondo em destaque a Álgebra e a Medicina, entre outras áreas do saber. Ao nível da tipologia da cidade, a urbe ibérica recebeu influências directas da tipologia urbana istâmica. Ao nível linguístico, o contributo revelou-se interessante, na toponímia, nos vocábulos islamizados e em novos substantivos introduzidos no nosso léxico. Nos mais variados sectores, a influência islâmica infiltrou-se, inclusive, na própria culinária. Contudo, alguns aspectos desta aculturação foram apagados por vários vectores, entre eles o militar e cultural tradicional, obra da “Reconquista” que fora, naturalmente, a grande causadora da destruição da arquitectura religiosa islâmica.
Quanto ao facto deste tema ser pouco estudado, podemos ver aí, talvez, o preceito religioso, um certo orgulho nacionalista. A nossa bibliografia seguinte pode dar, no entanto, relevo a uma preocupação em investigar a cultura e os hábitos do quotidiano, a religião e o direito, desde o Extremo Oriente até ao mais recôndito rincão banhado pelo Mar Oceano: Portugal, a costa litoral da Península Ibérica. É igualmente curioso e incontestável, o abundante número de vocábulos árabes ainda hoje presentes no léxico inglês e que daqui se enraizaram no seu Império.
Na verdade, este é o panorama que descortinámos, por investigação própria e de outros na força da civilização islâmica no nosso território e na Península, de um modo geral. Actualmente, estudos sobre novas áreas e a explicação dos factos através das conjunturas em que se enquadravam e onde, pois, se integram, têm melhorado o leque de conhecimentos que ultrapassam o saber tradicional que não dava a conhecer quanto não se queria e não se podia falar nem escrever. Estudos houve que devem considerar-se revolucionários nestas matérias, alguns mesmo sugerindo a interpretação cuidadosa dos versículos e a relação que há entre eles no Livro Sagrado do Islam.
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