Comunicar com Santo António
Marco Monteiro e Vera Grilo, historiadores
1º. Bendito e louvado seja
Santo António, Sol brilhante,
Que em Lisboa, França, Itália,
Deu luz a mais rutilante.
2º. Quis a vontade divina
Que nascesse em Portugal
E fosse, da sua terra,
Um arauto sem igual.
3º. Lisboa foi o seu berço,
E seus pais nobres Bulhões;
Desde a sua meninice
Atraiu os corações (1).
(...)
A comunicação na Idade Média
O estudo sobre a comunicação na Idade Média implica uma abordagem da vertente oral, escrita e iconográfica das fontes disponíveis. Na verdade, a hagiografia permite um conhecimento dos principais milagres atribuídos a cada santo. Através da descrição do poder taumatúrgico desenvolve-se um conjunto de meios comunicacionais sob a forma da palavra exemplar, da imagem, do som e da dramatização ritual.
A cristianização dos hábitos quotidianos implica um novo relacionamento entre o crente e a divindade. No sentido de uma crescente ritualização multiplicam-se os cultos intermediários, ou seja, acresce a devoção a determinadas figuras míticas. Assim, por intermédio de determinada santidade é possível aceder à benevolência divina. Na presente cronologia, o homem recorre ao auxílio dos santos para poder obter alguns favores. Deste modo, estabelece-se uma certa comunicação entre ambos no sentido de colmatar possíveis lacunas e de consolidar uma fé que alarga os seus horizontes.
Os relatos de milagres apresentam-se como documentos importantes não só porque exprimem o entendimento entre Deus e os fiéis, mas porque nos fornecem dados relativos às várias formas de comunicação preponderantes no tempo e no espaço enunciado. Torna-se fundamental tomar conhecimento das principais redes viárias, sobretudo, dos velhos eixos romanos e muçulmanos, assim como da simbologia presente no próprio gesto ou palavra figurada em cada relato hagiográfico. Desta feita, o som e a imagem ganham uma simbologia ritual enquanto meios privilegiados de comunicação entre dois planos distintos mas, indiscutivelmente, complementares.
A análise dos milagres de Santo António afigura-se como um campo de estudo privilegiado para a história da comunicação na Idade Média. Deste modo, permite traçar os principais pontos de ligação espaço-temporal, descrevendo um tempo que transcende a própria temporalidade e um espaço que assume um conceito de universalidade. Como tal, a sua vida e obra facilita uma abordagem que ultrapassa a dimensão física e se alia, essencialmente, à vertente metafísica. Todavia é possível delimitar alguns elementos que apontam no sentido da comunicação não só durante a sua vida como também após a sua morte. De facto, prevalece uma linguagem que excede as barreiras da finitude, reforçando a ideia de continuidade de um processo operante ao longo de séculos.
Santo António de Lisboa (1195-1231)
Santo António
Fernando de Bulhões terá nascido por volta de 1195 numa casa localizada entre a Sé de Lisboa e a antiga Porta de Ferro. De estirpe nobre, tinha como pais Martim de Bulhões e Teresa Taveira. A sua infância decorreu em torno do referido templo religioso. Para além de ter sido baptizado aqui, desempenhou, ainda, a função de Menino do Coro. Os primeiros estudos seriam efectuados numa escola anexa ao próprio edifício.
Aos 15 anos terá entrado como noviço, na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no mosteiro de São Vicente de Fora. Mas, logo em 1212 professara no Convento de Santa Cruz de Coimbra onde terá terminado os estudos. Neste mosteiro, importante centro de saber sagrado e profano, Fernando de Bulhões contactou com importantes mestres que cultivaram e desenvolveram o seu saber, a sua piedade e a arte da pregação que estendeu por toda a Europa.
Aquando do exercício do cargo de padre-porteiro no Mosteiro de Santa Cruz tomou conhecimento com os Mendicantes do Convento dos Olivais. O massacre sofrido por um grupo de missionários franciscanos em Marrocos terá despertado a sua verdadeira missão. Assim sendo, troca o hábito da Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho pelo de frade franciscano do Convento dos Olivais. Ao mesmo tempo adopta o nome de Frei António. (Vide Anexo K) Torna-se fundamental ter em conta a evolução espiritual do século XIII.
De acordo com André Vauchez “...Quaisquer que tenham sido as interpretações redutoras ou as alterações de que foi objecto, a mensagem franciscana não deixou, todavia de influenciar o século XIII. Com efeito, mesmo enfraquecida ou traída, conservou o relevo necessário para marcar longamente a espiritualidade dos derradeiros séculos da Idade Média no sentido de um cristocentrismo radical, manifestado principalmente por uma devoção à Paixão redentora de Cristo, contemplado e venerado na sua humanidade sofredora...”(2)
Na verdade,”...os franciscanos recusavam a riqueza e o poder detidos pelos conventos das grandes ordens monásticas urbanas, vendo-os como obstáculo a uma aproximação ao povo miúdo das cidades, os destinatários, em última análise, da sua pregação...”(3)
Na sequência do movimento evangelizador, e seguindo o exemplo dos Mártires de Marrocos, em 1221, em pleno reinado de D. Afonso II, parte rumo ao norte de África. Todavia, um estado de doença grave obrigou-o a regressar a Portugal. Curiosamente, ocorre um incidente natural que ditará para sempre o seu destino. Devido a uma tempestade, o barco onde viajava é arrastado para a Sicília, de onde realizará toda a sua vocação missionária.
Em 1222, na reunião do Capítulo Geral da Ordem de Assis, ressalta à vista um elevado grau de cultura adquirido nos conventos agostinhos de Lisboa e de Coimbra. Para além da nomeação de pregador da Ordem, é encarregado por S. Francisco de ensinar Teologia aos Frades menores de Bolonha. “...No Capítulo das Esteiras, Francisco de Assis insistiu na simplicidade material e intelectual que deveria nortear a acção dos frades menores. Nos regulamentos internos então aprovados, a Regula Prima, interditava-lhes a posse de bens próprios, proibia-lhes aceitar dinheiro como esmola e recusava a comum propriedade de privilégios e de conventos...”(4).
A ascensão ao topo da Ordem conduzi-lo-ia à difícil tarefa de combater a heresia que se havia instalado no Sul de França. Aquando da sua estadia neste país (1225-1227) representara a Ordem no Concílio provincial de Bourges de 1225, proferindo o discurso inaugural. Por outro lado, ensinara teologia em Montpellier e em Toulouse e pregara em Puy e em Limoges.
Aos 15 anos terá entrado como noviço, na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no mosteiro de São Vicente de Fora. Mas, logo em 1212 professara no Convento de Santa Cruz de Coimbra onde terá terminado os estudos. Neste mosteiro, importante centro de saber sagrado e profano, Fernando de Bulhões contactou com importantes mestres que cultivaram e desenvolveram o seu saber, a sua piedade e a arte da pregação que estendeu por toda a Europa.
Aquando do exercício do cargo de padre-porteiro no Mosteiro de Santa Cruz tomou conhecimento com os Mendicantes do Convento dos Olivais. O massacre sofrido por um grupo de missionários franciscanos em Marrocos terá despertado a sua verdadeira missão. Assim sendo, troca o hábito da Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho pelo de frade franciscano do Convento dos Olivais. Ao mesmo tempo adopta o nome de Frei António. (Vide Anexo K) Torna-se fundamental ter em conta a evolução espiritual do século XIII.
De acordo com André Vauchez “...Quaisquer que tenham sido as interpretações redutoras ou as alterações de que foi objecto, a mensagem franciscana não deixou, todavia de influenciar o século XIII. Com efeito, mesmo enfraquecida ou traída, conservou o relevo necessário para marcar longamente a espiritualidade dos derradeiros séculos da Idade Média no sentido de um cristocentrismo radical, manifestado principalmente por uma devoção à Paixão redentora de Cristo, contemplado e venerado na sua humanidade sofredora...”(2)
Na verdade,”...os franciscanos recusavam a riqueza e o poder detidos pelos conventos das grandes ordens monásticas urbanas, vendo-os como obstáculo a uma aproximação ao povo miúdo das cidades, os destinatários, em última análise, da sua pregação...”(3)
Na sequência do movimento evangelizador, e seguindo o exemplo dos Mártires de Marrocos, em 1221, em pleno reinado de D. Afonso II, parte rumo ao norte de África. Todavia, um estado de doença grave obrigou-o a regressar a Portugal. Curiosamente, ocorre um incidente natural que ditará para sempre o seu destino. Devido a uma tempestade, o barco onde viajava é arrastado para a Sicília, de onde realizará toda a sua vocação missionária.
Em 1222, na reunião do Capítulo Geral da Ordem de Assis, ressalta à vista um elevado grau de cultura adquirido nos conventos agostinhos de Lisboa e de Coimbra. Para além da nomeação de pregador da Ordem, é encarregado por S. Francisco de ensinar Teologia aos Frades menores de Bolonha. “...No Capítulo das Esteiras, Francisco de Assis insistiu na simplicidade material e intelectual que deveria nortear a acção dos frades menores. Nos regulamentos internos então aprovados, a Regula Prima, interditava-lhes a posse de bens próprios, proibia-lhes aceitar dinheiro como esmola e recusava a comum propriedade de privilégios e de conventos...”(4).
A ascensão ao topo da Ordem conduzi-lo-ia à difícil tarefa de combater a heresia que se havia instalado no Sul de França. Aquando da sua estadia neste país (1225-1227) representara a Ordem no Concílio provincial de Bourges de 1225, proferindo o discurso inaugural. Por outro lado, ensinara teologia em Montpellier e em Toulouse e pregara em Puy e em Limoges.
Basílica de Sto António, Pádua, Itália
Após a morte de S. Francisco (1226), Santo António regressaria a Itália com o propósito de assistir ao Capítulo Geral da Ordem reunida em Assis onde seria nomeado provincial da Itália Setentrional. Em Pádua, “...Frei António foi, antes de mais, um libertador e um pacificador, já que, em 1230, serviu de mediador na obtenção do fim da guerra travada entre a coluna e o senhor de Verona, Ezelino de Treviso, e no ano seguinte contribuiu para aliviar os conflitos armados entre clãs do patriciado local...” exprimindo a sua ardente vocação missionária em Arcella.
Por volta de 1231, de volta a Pádua recolher-se-ia no eremitério de Campo Sampiero. Vítima de cansaço e de doença, Santo António falecera em Arcella, a 13 de Junho de 1231.
Na realidade, ainda não havia decorrido um ano após a sua morte, já o Papa Gregório IX o canonizava, considerando tratar-se de um dos maiores Santos da Cristandade.
Por volta de 1231, de volta a Pádua recolher-se-ia no eremitério de Campo Sampiero. Vítima de cansaço e de doença, Santo António falecera em Arcella, a 13 de Junho de 1231.
Na realidade, ainda não havia decorrido um ano após a sua morte, já o Papa Gregório IX o canonizava, considerando tratar-se de um dos maiores Santos da Cristandade.
Retrato físico
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Santo António em Pádua, Itália
Segundo as fontes até ao momento encontradas tudo aponta para que a mais antiga representação iconográfica de Santo António, o Retrato do Santo, data do século XIII, sendo apresentado como uma obra de «Mestre de S. Francisco».
Do século XIV é possível identificar o retrato da Basílica de Santo António em Pádua (Vide Anexo G), e o fresco de Giotto, em Assis, representando o «Aparecimento de S. Francisco a Santo António».
A partir do século XV ocorre uma crescente difusão da imagem de Santo António. Deste modo, verifica-se a prevalência de uma figura cada vez mais idealizada, com a expressão de um jovem desembaraçado e elegante.
No que concerne a Portugal, antes dos finais do séc. XV ou inícios do séc. XVI, não se conhecem representações nacionais. Com efeito, as réplicas de retratos trecentistas e quatrocentistas são provenientes de Itália.
Relativamente às mais antigas representações iconográficas portuguesas destaca-se o retrato da Igreja dos Anjos; as tábuas da igreja da Madre de Deus; o retrato atribuído a Gregório Lopes; a imagem da autoria de Frei Carlos; os retratos da mão do Mestre de Ancede e do Mestre de Ferreirim.
Nos altares das Igrejas que remontam ao século XVIII, verifica-se a predominância de imagens em que o estofo ricamente ornamentado contrasta com uma certa inexpressividade do rosto.
Convém mencionar os principais símbolos ou atributos que permitiram a sua clara identificação ao longo da história. Desta feita, Santo António surge vestido de franciscano, de cónego regrante ou de Menino do Coro. Na mão esquerda segura um livro, ressalvando a importância do texto sagrado como forma privilegiada de comunicação entre a divindade e o crente, e o Menino Jesus que, a partir do século XVI se torna inseparável da imagem do Santo. Na mão direita repousa a cruz de prata e o lírio, ou seja, o símbolo da pureza.
Do século XIV é possível identificar o retrato da Basílica de Santo António em Pádua (Vide Anexo G), e o fresco de Giotto, em Assis, representando o «Aparecimento de S. Francisco a Santo António».
A partir do século XV ocorre uma crescente difusão da imagem de Santo António. Deste modo, verifica-se a prevalência de uma figura cada vez mais idealizada, com a expressão de um jovem desembaraçado e elegante.
No que concerne a Portugal, antes dos finais do séc. XV ou inícios do séc. XVI, não se conhecem representações nacionais. Com efeito, as réplicas de retratos trecentistas e quatrocentistas são provenientes de Itália.
Relativamente às mais antigas representações iconográficas portuguesas destaca-se o retrato da Igreja dos Anjos; as tábuas da igreja da Madre de Deus; o retrato atribuído a Gregório Lopes; a imagem da autoria de Frei Carlos; os retratos da mão do Mestre de Ancede e do Mestre de Ferreirim.
Nos altares das Igrejas que remontam ao século XVIII, verifica-se a predominância de imagens em que o estofo ricamente ornamentado contrasta com uma certa inexpressividade do rosto.
Convém mencionar os principais símbolos ou atributos que permitiram a sua clara identificação ao longo da história. Desta feita, Santo António surge vestido de franciscano, de cónego regrante ou de Menino do Coro. Na mão esquerda segura um livro, ressalvando a importância do texto sagrado como forma privilegiada de comunicação entre a divindade e o crente, e o Menino Jesus que, a partir do século XVI se torna inseparável da imagem do Santo. Na mão direita repousa a cruz de prata e o lírio, ou seja, o símbolo da pureza.
O culto
Para um estudo desta natureza é fundamental distinguir o frade nascido em Lisboa que abandona o hábito dos agostinhos para entrar na ordem do Poverello do frade que, inspirado pela Virgem e pelo Menino Jesus, luta contra os hereges e infiéis pela força da sua palavra mágica. Deste modo, há que ter em conta a difusão de dois cultos geograficamente distintos mas com elementos conferidores de uma certa unidade. Embora não se possa precisar ao certo a data de cultivação do Santo em Portugal, é possível que tivesse lugar logo após a sua morte, ou seja, por volta de 1231. Talvez se tivesse intensificado a partir de 1263, aquando da transladação do seu corpo para a Basílica de Pádua. De acordo com a tradição a origem deste culto remonta à definição de sinais sobrenaturais na hora precisa da sua canonização em Pádua. A 30 de Maio de 1232, no momento em que Gregório IX procedia ao presente acto terão repicado, espontaneamente, todos os sinos na cidade de Lisboa.
Seguindo o exemplo de Pádua, em Lisboa ocorreu uma rápida expansão do culto antoniano (Vide Anexos A-E), apoiada pelos conventos e pelos hospícios que se encontravam sobre a alçada da Ordem Franciscana. Não obstante o facto da Igreja de Santo António se encontrar construída sobre a casa onde nasceu o Santo, na realidade, a devoção a si não se restringiu ao primeiro oratório público, difundindo-se um pouco por todo o país. Assim, multiplicaram-se as capelas, altares e nichos, assim como os conventos franciscanos dedicados a uma imagem que passa a fazer parte do quotidiano tanto dos pobres como dos ricos.
As festas de Santo António em Lisboa
Apesar de se manter a devoção a Santo António, as actuais festas realizadas em sua homenagem perderam parte da simbologia de outrora. Embora fosse na Igreja e casa de Santo António que decorriam as principais manifestações cultuais, em todas as igrejas, capelas e ermidas com um altar dedicado à sua imagem se realizava um conjunto de cerimónias oficiais. Para além da Trezena, rezada durante os treze dias que antecedem a festa, ocorria a distribuição do bodo, ou do «pão de Santo António». No dia treze decorria a imponente Procissão de Santo António. Nos treze andores incorporados destaca-se o dedicado a S. Francisco, e como não poderia deixar de ser aquele que era dedicado ao «Santo anfitrião». As cerimónias oficiais terminavam com uma tourada no Rossio. Convém ter presente que de todas as manifestações que animavam a festa de Santo António, as mais coloridas e ruidosas acabavam por ser os arraiais.
Em alternância com as festas, os bailes, as rodinhas e o saltar das fogueiras animavam jovens com idade casadoira que se entretinham a atirar moedas à cinza, a queimar alcachofras ou a deitar «sortes» dentro de uma vazilha de água, pretendendo visionar aquilo que o futuro lhes reservaria.
1) Santo António protector da cidade, das casas e das famílias
Curiosamente, o culto a Santo António reveste-se de uma simbologia tutelar semelhante à de divindades pagãs. Todavia, a sua entronização decorrerá nas portas opostas. Apesar de ter desaparecido o nicho em honra do Santo, sabe-se que este encontrar-se-ia junto à Porta da Alfofa, na actual «Rua do Milagre de Santo António». Em frente ao Colégio dos Meninos Órfãos, ou seja, perto da Porta da Mouraria situar-se-ia outro oratório a si dedicado. Em consonância com as fontes históricas é provável que, próximo das portas de Santa Catarina existisse uma ermida em sua honra.
O seu poder taumatúrgico surge relacionado com o atributo de protector dos que entram ou saem da cidade, encontrando-se, sobretudo, à beira de estradas e caminhos.
Para além da função protectora dos exércitos nacionais, Santo António tornou-se no guardião dos lares, transformando-se numa espécie de Anjo da Guarda familiar. Deste modo, evidencia-se a sua forte presença em nichos, capelas, azulejos ou simples imagens de carácter devocional.
Em Lisboa, tornara-se frequente colocar farmácias, leitarias, drogarias ou actividades de risco como a pesca sob a sua vigilância.
2) Santo António, o intercessor entre os homens e a divindade
A tradição aponta para o dia 15 de Agosto, dia de Nossa Senhora da Assunção, como a data de nascimento de Santo António. Deste modo, beneficiaria da protecção da Virgem e do Menino Jesus, assumindo o papel de medianeiro entre o crente e a divindade mesmo de causas injustas ou perdidas.
Assiste-se à generalização de temas como «Santo António em adoração à Virgem e ao Menino», «A Virgem apresenta o Menino a Santo António», ou o «Aparecimento do Menino Jesus a Santo António».
3) Santo António, defensor das Almas do Purgatório
Se em vida Santo António foi um activo combatente de hereges e de infiéis, depois da sua morte foi-lhe atribuído o domínio das forças do mal. Os seus poderes sobrenaturais seriam explorados no sentido de afastar as penas infernais. Como tal, surge como a última esperança dos condenados e dos malditos. Aliás, a própria recolha de esmolas em nome das «Almas do purgatório» ou das «Alminhas» aponta neste sentido.
4) Santo António, protector dos objectos perdidos
Na verdade, é desconhecida a ligação dos poderes taumatúrgicos do Santo face aos pedidos de encontro de objectos não encontrados. Perante a aparente reticência de Santo António, os fiéis acabavam por castigá-lo, retirando-lhe o Menino Jesus, voltando a sua imagem com a cara voltada para a parede, amarrando a imagem à perna de uma mesa, substituindo-a por um cordel ou mergulhando-o no rio.
5) Santo António, protector dos bons casamentos
A sua festa tem lugar no dia 13 de Junho e segue de perto algumas tradições inerentes ao culto de São João, no norte do país. Ao festejar o Solstício encontra-se ligado a rituais antigos de fecundidade, cultivando o amor e o casamento. De facto, a imagem que dispomos de Santo António supera a austeridade de um doutor de igreja ou de um pregador sisudo, revestindo-se de uma posição mais atenta às fraquezas humanas, podendo vislumbrar-se um certo ar brincalhão e malicioso. A principal devoção incidia no elemento feminino que procurava a ajuda para encontrar um bom noivo. Por vezes, estes pedidos eram feitos através de bilhetinhos directamente enviados para si.
6) Santo António, protector dos animais e curandeiro
Nas regiões de Trás-os-Montes e das Beiras é costume os lavradores percorrerem o perímetro em torno da igreja com as suas cabeças de gado. As voltas sacramentais têm como finalidade apelar à protecção do Santo contra as maleitas e o mal olhado. Por exemplo, em Trás-os-Montes são oferecidas pequenas miniaturas de porcos «O porquinho de Santo António» como ex-votos para alcançarem determinadas curas.
7) Santo António, poderoso santo milagreiro
A série de milagres que lhe são atribuídos não só durante a sua vida como após a sua morte esteve na base de uma crença infinita. A sua santidade surge, sempre, associada a elementos de ordem sobrenatural.
Entre as principais representações assinala-se «O aparecimento de S. Francisco a Santo António»; «Santo António pregando aos hereges»; «Aparecimento da Virgem e do Menino a Santo António»; «O Milagre Eucarístico»; «Santo António pregando aos peixes»; «Santo António salvando o pai da forca»; e «O Milagre da Bilha».
Os milagres de Santo António
Santo António, O Milagre da Mula
Partindo do Livro dos Milagres de Santo António in Santo António de Lisboa, procurou efectuar-se uma análise global dos actos de santidade recorrendo à obra Florinhas de Santo António. Embora sucintamente, a presente obra, resultado da tradução para português do texto arcaico italiano publicado em 1935 por Luís Guidaldi, acaba por ser um importante contributo para determinados aspectos relacionados com o acto comunicacional operante na medievalidade. Deste modo, e através de 68 capítulos ocorre a transcrição dos principais milagres atribuídos a Santo António tanto em Portugal como na Itália. Por outro lado, verifica-se uma clara distinção dos milagres que o Santo fez durante a sua vida, após a sua morte, e ainda dos milagres que foram devidamente provados diante do bispo de Pádua, ou seja, afirmando-se como as bases para a sua canonização.
Ao efectuar-se um estudo mais minucioso sobre a dita temática, é possível aludir a um meio de comunicação bastante rico. Desta feita, “...Os milagres desempenham um importante papel na vida espiritual desse tempo, e não só para os leigos. A par das visões, eles constituem um dos mais importantes meios de comunicação entre este mundo e o além. A ideia de que Deus continuava a revelar-se aos homens através de prodígios encontrava-se presente em todos os espíritos...”(5) De facto, não permite apenas compreender aspectos inerentes à própria peregrinação, enquanto meio privilegiado de estabelecer um conjunto de relações com um mundo mais amplo. Apresenta-se também, como a expressão de uma comunicação figurada e sobrenatural presente na mediatização entre o celeste e o profano. Possibilita ainda, entender como este sistema se estrutura. Assim, através da palavra (escrita ou oral), do gesto e da imagem prevalece um processo de ligação entre duas esferas que acabam por se entender mutuamente. Cada milagre pode conter os vários aspectos reforçando uma ideia de certa complexidade.
Ao efectuar-se um estudo mais minucioso sobre a dita temática, é possível aludir a um meio de comunicação bastante rico. Desta feita, “...Os milagres desempenham um importante papel na vida espiritual desse tempo, e não só para os leigos. A par das visões, eles constituem um dos mais importantes meios de comunicação entre este mundo e o além. A ideia de que Deus continuava a revelar-se aos homens através de prodígios encontrava-se presente em todos os espíritos...”(5) De facto, não permite apenas compreender aspectos inerentes à própria peregrinação, enquanto meio privilegiado de estabelecer um conjunto de relações com um mundo mais amplo. Apresenta-se também, como a expressão de uma comunicação figurada e sobrenatural presente na mediatização entre o celeste e o profano. Possibilita ainda, entender como este sistema se estrutura. Assim, através da palavra (escrita ou oral), do gesto e da imagem prevalece um processo de ligação entre duas esferas que acabam por se entender mutuamente. Cada milagre pode conter os vários aspectos reforçando uma ideia de certa complexidade.
A comunicação oral
Numa sociedade onde a cultura escrita se encontrava restrita apenas a uma pequena elite social, o Cristianismo pressupunha a interpretação da oralidade. Durante a Alta Idade Média, a religião cristã é composta por um conjunto de formas, orações e preces com a finalidade de captarem a benevolência e o favor divino.
Segundo o texto, Santo António terá desenvolvido a arte da prédica aquando da pregação em Roma diante do Papa e de um auditório composto por peregrinos de todas a nacionalidades. “...E disse Santo António, naquela pregação, coisas tão altas e tão doce, que todo o auditório estava suspenso do seu maravilhoso falar. E até o senhor Papa lhe chamou então a Arca do Testamento...”(6). Na realidade, o dom da comunicação da palavra sagrada acaba por transcender o plano humano sendo assimilada pela espécie animal num sentido de moralização dos hereges. Tal é o exemplo da pregação em Rímio aos peixes.”...A estas palavras e semelhantes admoestações alguns dos peixes soltaram vozes, outros abriram a boca, e outros inclinavam a cabeça, louvando ao Senhor da maneira que sabiam...”(7). Por outra vez, na região de Tolosa, uma mula esfomeada terá recebido o santo Sacramento do Corpo de Jesus Cristo conduzindo o seu dono a uma inevitável conversão ao catolicismo. “...O animal, apesar de tão atormentado pela fome, quando ouviu as palavras de Santo António, logo parou de comer, e abaixou a cabeça, e caiu de joelhos diante do Sacramento..."(8). (Vide Anexo H)
Por intermédio de alguns exemplos retirados dos milagres de Santo António denotamos uma preponderância da vertente oral face à vertente escrita. Trata-se de uma sociedade que usa a oralidade como um meio de expressão privilegiado. No fundo, recorre ao poder da retórica (oratória e gestualidade) como condições indispensáveis ao entendimento. Com efeito, prevalece uma comunicação de sentido performativo. No capítulo XXIII, destaca-se muito significativamente a importância da palavra como virtude moralizadora. Assim, Filipe, frade da Ordem dos Menores cuja notícia do seu nascimento e martírio é anunciado por Santo António, preferiu as dores do martírio ao invés de cessar a sua pregação. Perante a sua insistência “...o sultão mais cheio de raiva, mandou que lhe cortassem as juntas das mãos, pedaço a pedaço (...) Mas como nem assim o bom do frade deixasse de pregar, fez que até meio corpo o esfolassem. E frei Filipe, com as dores do martírio mais se animava no sermão (...)Enraivecido, ordenou ainda o sultão que lhe cortassem a língua. Pois nem mesmo assim, calou o bom do frade. Aceso em fervor que não se poderia contar, pregou até que todos os companheiros foram degolados (...) E chegou então a sua vez: tirou o capuz, ofereceu o capuz com grande devoção, e os algozes deram-lhe a coroado martírio cortando-lhe a cabeça...”(9).
A palavra, quando portadora da mensagem sagrada consegue superar todas as barreiras tanto do tempo como do próprio espaço. No capítulo XXVIII, é descrita uma passagem milagrosa em que uma mulher conseguiu ouvir Santo António quando este pregava muito longe de sua casa. O marido acabou por desacreditar na sua audição até ao momento em que ele próprio conseguiu escutar o Santo. “...E o caso é que, pelos merecimentos da esposa fiel, logo começou de ouvir claramente a voz do santo pregador (...) e dali em diante ele se achegava à pregação e nunca mais estorvou a piedade da sua boa mulher...(10).
Todavia, não era só o não crente ou o herege que desprezava o sermão de Santo António, a força demoníaca tentava calá-lo a todo o custo. “...E porque apesar de tudo, o Santo teimava em fervorosamente continuar na sua pregação, uma noite o demónio deu sobre ele quando estava na oração, e atirou-se-lhe o pescoço com ganas de o sufocar (...) Recorreu Santo António à misericórdia divina; e pronunciando o santo nome da Gloriosa Virgem Maria, logo o tentador fugiu, deixando vencedor o servo de Deus...”(11).
Curiosamente, a palavra pode assumir uma função de salvação e uma conotação mágica. É relatado o episódio em que as palavras de Santo António foram suficientes para fazer falar um morto e assim inocentar os pais do Santo da culpa de homicídio. “...Maravilha estupenda e admirável! Tão depressa o servo de Deus impôs aquela ordem, logo o homem enterrado desde há dias, não podendo resistir à palavra do fiel servo de Deus, do fundo da sepultura respondeu em alta e clara voz, a dizer (...)- Esses que são condenados por causa da minha morte, estão inocentes e sem culpa..(12).
Mesmo após a sua morte, Santo António continuou a realizar milagres tal como a cura de um moço de vinte e cinco anos que era surdo-mudo. Diante do sepulcro do santo, “...o surdo-mudo logo ali obteve a cura e em guarda da igreja se quedou, como fora prometido...”(13).
A comunicação escrita
Salvação da criança
Em relação à cultura escrita, sublinhe-se o carácter raro do livro na Alta Idade Média, uma sociedade que tem dele uma visão sacralizada. A presente sociedade utilizava a escrita para a apresentação de factos prodigiosos. Deste modo, o livro afigura-se como um ponto de ligação entre o mundo terrestre e o mundo celeste. O registo escrito surge como meio de preservação das memórias do passado, de resposta ao presente e de preparação do futuro. As condições culturais que se encontram na base do seu desenvolvimento encontram-se dependentes de aspectos de natureza tecnológica (ressalva-se a importância da escrita cursiva e também o desenvolvimento de um sistema de abreviaturas) e de ordem mental (destaca-se o papel inventivo do homem quando no século XIX passa a utilizar o papel).
Apesar de um uso descristianizado da escrita, na verdade, é inegável a sua ligação ao plano divino. O livro significa a verdade revelada, ou seja, o princípio e o fim da sociedade cristã. Desta feita, estamos perante a «civilização do livro» e não da «civilização dos livros». Trata-se da «sociedade do Livro Sagrado». A título de exemplo, o capítulo XVI debruça-se sobre a estadia de Santo António e de Frei Adão de Marisco no Capítulo dos frades onde estudaram no estudo geral. “...E durante os cinco anos que ali os dois passaram a estudar nos livros de São Dionísio, vieram a tanta claridade e lume de sabedoria que parecia não somente terem aprendido as ditas Jerarquias, mas haverem de facto experimentado e percorrido...(14). Deste modo, o grupo dos sacerdotes é um grupo minoritário mas fundamental para a comunicação da palavra sagrada. A posse de textos implica um dispêndio muito grandioso reforçando a importância socio-económica das instituições que os pertencem. O livro acaba por ser um ícone do sagrado, um bem precioso desta cristandade medieval. O capítulo XVII remete para o dia em que Santo António ensinava Teologia aos frades em Monpilher e um noviço fugiu da Ordem roubando um Saltério “...glosado, de grande valor, por onde o servo de Deus dava as suas lições...”(15).
A epistolografia é o campo das escritas privadas por excelência. O texto relata um milagre da resposta a uma carta que não chegara a ser enviada mas que era dirigida ao Ministro provençal de Pádua. “...Cumpridos que foram os dias em que pudera estar de volta o portador se tivesse sido enviado aonde o Ministro se encontrava, dele recebeu Santo António de carta de resposta, a autorizá-lo a recolher-se ao ermitório que demandava, para sua consolação espiritual...”(16).
Por via da confissão escrita, um pecador pode ser salvo por santo António. O Santo disse-lhe: ”...-Vai, e escreve num papel todos os pecados que te lembrarem; e depois vem trazer-me o papel assim escrito. E o homem fez tal e qual o santo lhe dissera e trouxe o papel onde escrevera os pecados. E logo naquele instante todos foram apagados, que não mais apareceu coisa alguma escrita no papel...”(17).
Segundo a crença medieval, as forças maléficas podiam tentar intervir usando o acto da escrita. Assim, durante um sermão pregado por Santo António o diabo ter-se-á disfarçado de troteiro e entregado uma carta a uma mulher que se encontrava entre os presentes alertando-a de que o seu filho se encontrava morto. Mas segundo o pregador aquele que havia transmitido a notícia “...é o demónio em pessoa. Tramou semelhante embuste só para perturbar o sermão...”(18).
A escrita pode ainda desempenhar um importante amuleto contra o mal. Por sua mediação Santo António terá livrado uma mulher de Santarém da tentação. “...E, acordando, viu a mulher que tinha ao pescoço um pedaço de pergaminho, no qual, a letras de oiro, estava escrito: «Eis a Cruz do Senhor! Fugi, inimigos da alma, pois venceu o Leão da tribo de Judá, raiz de David. Aleluia, Aleluia»...”(19).
Apesar de um uso descristianizado da escrita, na verdade, é inegável a sua ligação ao plano divino. O livro significa a verdade revelada, ou seja, o princípio e o fim da sociedade cristã. Desta feita, estamos perante a «civilização do livro» e não da «civilização dos livros». Trata-se da «sociedade do Livro Sagrado». A título de exemplo, o capítulo XVI debruça-se sobre a estadia de Santo António e de Frei Adão de Marisco no Capítulo dos frades onde estudaram no estudo geral. “...E durante os cinco anos que ali os dois passaram a estudar nos livros de São Dionísio, vieram a tanta claridade e lume de sabedoria que parecia não somente terem aprendido as ditas Jerarquias, mas haverem de facto experimentado e percorrido...(14). Deste modo, o grupo dos sacerdotes é um grupo minoritário mas fundamental para a comunicação da palavra sagrada. A posse de textos implica um dispêndio muito grandioso reforçando a importância socio-económica das instituições que os pertencem. O livro acaba por ser um ícone do sagrado, um bem precioso desta cristandade medieval. O capítulo XVII remete para o dia em que Santo António ensinava Teologia aos frades em Monpilher e um noviço fugiu da Ordem roubando um Saltério “...glosado, de grande valor, por onde o servo de Deus dava as suas lições...”(15).
A epistolografia é o campo das escritas privadas por excelência. O texto relata um milagre da resposta a uma carta que não chegara a ser enviada mas que era dirigida ao Ministro provençal de Pádua. “...Cumpridos que foram os dias em que pudera estar de volta o portador se tivesse sido enviado aonde o Ministro se encontrava, dele recebeu Santo António de carta de resposta, a autorizá-lo a recolher-se ao ermitório que demandava, para sua consolação espiritual...”(16).
Por via da confissão escrita, um pecador pode ser salvo por santo António. O Santo disse-lhe: ”...-Vai, e escreve num papel todos os pecados que te lembrarem; e depois vem trazer-me o papel assim escrito. E o homem fez tal e qual o santo lhe dissera e trouxe o papel onde escrevera os pecados. E logo naquele instante todos foram apagados, que não mais apareceu coisa alguma escrita no papel...”(17).
Segundo a crença medieval, as forças maléficas podiam tentar intervir usando o acto da escrita. Assim, durante um sermão pregado por Santo António o diabo ter-se-á disfarçado de troteiro e entregado uma carta a uma mulher que se encontrava entre os presentes alertando-a de que o seu filho se encontrava morto. Mas segundo o pregador aquele que havia transmitido a notícia “...é o demónio em pessoa. Tramou semelhante embuste só para perturbar o sermão...”(18).
A escrita pode ainda desempenhar um importante amuleto contra o mal. Por sua mediação Santo António terá livrado uma mulher de Santarém da tentação. “...E, acordando, viu a mulher que tinha ao pescoço um pedaço de pergaminho, no qual, a letras de oiro, estava escrito: «Eis a Cruz do Senhor! Fugi, inimigos da alma, pois venceu o Leão da tribo de Judá, raiz de David. Aleluia, Aleluia»...”(19).
A comunicação através do gesto
Hábito franciscano em Sto Antão dos Olivais
Ora acompanhando a palavra servindo-lhe de auxiliar, ora isolada, a gestualidade é uma forma de entendimento não só físico mas, sobretudo, simbólico. Quando Santo António era custódio de Limoges terá realizado um milagre pelo qual um noviço sentiu o sopro do servo de Deus não abandonando a Ordem a que pertencia. “... Mas erguendo-o Santo António na presença dos frades que tinham acudido, logo recobrou os sentidos e se pôs a contar que fora arrebatado ao coro dos Anjos e vira os maravilhosos segredos do Céu...” (20).
O capítulo XXIV conta o acto milagroso efectuado pelo Santo ao consertar um copo partido e ao encher uma talha vazia da casa de uma mulher de Provença. Desta feita, “...Ficando-se a mulher a olhar o Santo que assim orava, viu que de repente os dois pedaços do copo se ajuntaram por movimento próprio ou antes por virtude de Deus (...) desceu à adega e encontrou de facto a cuba que antes deixara apenas meia, agora cheia até cima, a ponto do vinho saltar pelo batoque a ferver como ferve o vinho novo...”(21).
Através do gesto Santo António terá expressado o seu poder taumatúrgico. Certo dia, desembaraçou os membros de um menino que nascera com eles tolhidos. “...E o Padre-santo António, apiedado daquela mãe aflita e do filho doente ainda porque seu companheiro, varão famoso em bondades, interveio também a pedir, traçou sobre a criança o sinal da Cruz em nome e em virtude de Jesus Cristo...”(22).
Por outra vez, o Santo curou uma menina que se encontrava entrevada. O servo de Deus “...em nome da Santíssima Trindade traçou o sinal da Cruz sobre a criança desde a cabeça até aos pés. E logo num instante, pelo poder de Deus omnipotente, a menina ganhou firmeza no andar, em tal maneira que já desembaraçadamente se deitou ao caminho sem a ajuda de ninguém...”(23).
É ainda referida a cura de um pé de um moço que o tinha cortado como forma de arrependimento dos seus pecados. Com efeito, Santo António “...foi ter com o moço que cortara o pé, e fazendo sua oração devotamente e com angústia, agarrou no pé decepado, ajuntou-o à perna, sobre ele fez o sinal da Cruz, e tacteando com suas benditas mãos como se estivera a soldar ou a ungir a ferida, logo o pé ficou tão bem pegado como antes fora...(24).
O capítulo XXIV conta o acto milagroso efectuado pelo Santo ao consertar um copo partido e ao encher uma talha vazia da casa de uma mulher de Provença. Desta feita, “...Ficando-se a mulher a olhar o Santo que assim orava, viu que de repente os dois pedaços do copo se ajuntaram por movimento próprio ou antes por virtude de Deus (...) desceu à adega e encontrou de facto a cuba que antes deixara apenas meia, agora cheia até cima, a ponto do vinho saltar pelo batoque a ferver como ferve o vinho novo...”(21).
Através do gesto Santo António terá expressado o seu poder taumatúrgico. Certo dia, desembaraçou os membros de um menino que nascera com eles tolhidos. “...E o Padre-santo António, apiedado daquela mãe aflita e do filho doente ainda porque seu companheiro, varão famoso em bondades, interveio também a pedir, traçou sobre a criança o sinal da Cruz em nome e em virtude de Jesus Cristo...”(22).
Por outra vez, o Santo curou uma menina que se encontrava entrevada. O servo de Deus “...em nome da Santíssima Trindade traçou o sinal da Cruz sobre a criança desde a cabeça até aos pés. E logo num instante, pelo poder de Deus omnipotente, a menina ganhou firmeza no andar, em tal maneira que já desembaraçadamente se deitou ao caminho sem a ajuda de ninguém...”(23).
É ainda referida a cura de um pé de um moço que o tinha cortado como forma de arrependimento dos seus pecados. Com efeito, Santo António “...foi ter com o moço que cortara o pé, e fazendo sua oração devotamente e com angústia, agarrou no pé decepado, ajuntou-o à perna, sobre ele fez o sinal da Cruz, e tacteando com suas benditas mãos como se estivera a soldar ou a ungir a ferida, logo o pé ficou tão bem pegado como antes fora...(24).
A comunicação através da viagem
A sociedade rural que temos vindo a analisar tem pouca mobilidade, com as suas deslocações dificultadas. Em termos práticos é raro ultrapassarem-se os 5 km de raio a partir da aldeia, e mais raro é a passagem dos 15 km (metade a andar) uma vez que isso exigia, as mais das vezes, pernoitar fora do seu ambiente. O grupo que mais se desloca é o clero regular e também secular acompanhando as estruturas eclesiásticas. Entre os leigos, também os peregrinos se deslocam, em busca de milagres e de graças por parte da divindade. As grandes dificuldades inerentes às deslocações dizem respeito aos obstáculos naturais. Não era aconselhável viajar de noite, de Inverno ou de Verão encontrando-se dependente do caudal dos rios. Verifica-se uma hierarquização das próprias vias. António Resende de Oliveira traça a imagem de “... Um Portugal rural, portanto, mas onde as necessidades de ordem militar, económica, administrativa e política, ou outras mais comezinhas, haviam desenhado uma rede densa de caminhos que permitia, em maior ou em menor grau, a circulação de pessoas e de produtos entre diferentes núcleos populacionais...(25).Devido à utilização das vias romanas ou das vias muçulmanas “...os homens dos séculos XIII-XV contribuíram igualmente para a hierarquização dos caminhos calcorreados, situando os eixos viários mais importantes junto dos centros urbanos economicamente mais activos...”(26).
Facilmente se depreende que a deslocação de um país para outro representava um acontecimento moroso e fortemente dependente quer de condicionantes endógenas assim como de condicionantes exógenas. Todavia, e reforçando o poder milagroso de Santo António, a viagem efectuada por si entre Portugal e Itália duraria apenas dois dias a contar a ida e a volta. Tal acontecimento ocorreu na sequência do julgamento dos seus pais por acusação de crime. “...Àquele tempo pregava o servo de Deus em Itália, e por divina revelação soube do sucedido (...)E, partindo-se ao cair da noite, na manhã seguinte estavam às portas de Lisboa (...) E no dia seguinte estava de volta em Itália, levado nas mãos dos Anjos...(27).
Durante trinta e seis anos Santo António terá vivido em casa de seus pais; no mosteiro de S.Vicente; no mosteiro de Santa Cruz de Coimbra; na Ordem de São Francisco; na cidade de Forlívio, na Romanha. “...Nomeado pregador, Frei António entregou-se à itinerância urbana. Entre 1222 e 1224 mobilizou auditórios em Faença, Imola, Rimini, Milão e Bolonha...”(28) Assumindo as funções de primeiro mestre franciscano de Teologia lutou contra as heresia dos Cátaros, Patarinos e Albigenses. “...Nas terras do Sul de França, Frei António assegurou a realização de múltiplos e triunfais sermões nos principais templos urbanos da região (Montpellier, Toulouse, Arles, Brive, Puy-en- Velay e Limoges)...”(29).
Comunicação por intermédio da imagem (visão santificada)
Talvez a visão mais espectacular de Santo António tenha sido a visita do Menino Jesus. Este milagre fora apenas relatado após a sua morte por um fidalgo que assistira a tamanho prodígio. “...E o que haviam de ver seus olhos! Um menino mui formoso e alegre nos braços de Santo António, e o Santo a contemplar-lhe o rosto, a apertá-lo ao peito e a cobri-lo de beijos...”(30).
A viagem surge para o homem medieval, não só no sentido físico mas também no domínio do simbólico, como vida após a morte. Os homens e as mulheres consideram-se, na Terra, numa vida de transição, a caminho de Jerusalém Celeste. Assim, o conceito de viajante é estrutural à vida medieva, ou seja, o viator (viático) reúne condições para realizar a última viagem. Neste sentido, torna-se imprescindível aludir aos milagres atribuídos a Santo António depois da sua morte. O primeiro sucedeu no momento em que Santo António ter-se-á despedido do Abade Vercelhas. “...E tomando sentido, achou que, de verdade o Santo havia passado desta a melhor naquela mesma hora em que o visitara...”(31). Aquando a sua canonização pelo Papa Gregório IX ocorreria um novo facto sobrenatural. “...os sinos da cidade de Lisboa tocaram por si mesmos, não os tangendo ninguém. Era para se dizer que as vozes dos sinos apregoavam a solenidade que lá longe se fazia em honra de Santo António..”(32).
O capítulo XXXVI fala da salvação de um moço que morrera afogado, supostamente, o sobrinho de Santo António. “...E o certo foi que, ao terceiro dia, à vista de muitos que eram presentes, o moço levantou-se e reviveu. Pelo qual milagre todos deram muitos louvores a Deus e a Santo António..”(33). No capítulo XLVII é tratado um naufrágio que tirara a vida a dez crianças, mas que a “...todas deus ressuscitar, por intercessão de Santo António...”(34). No âmbito da cura dos males físicos é ainda apresentada a salvação da filha do Rei de Leão, da filha de D. Teresa (rainha de Portugal), de um cego, de um leproso, de um surdo-mudo, e de um ferido de guerra (35).
Na verdade, a sua permanente luta contra o demónio prolongou-se para além da sua morte. Como tal, salvou uma dona muito poderosa que tinha como camareira a criatura do mal. D. Loba , arrependida dos seus pecados proferiu a confissão e “...pediu para mortalha osaial dos Frades menores; e, recebendo-o das mãos daqueles frades, bem-aventuradamente no Senhor adormeceu. E os dois frades logo desapareceram. (...) E todos os que ali eram presentes se persuadiram que deviam ser nem mais nem menos que São Francisco e Santo António...”(36).
Através de uma visão Santo António impedira uma mulher de se suicidar, a outra dera conhecimento da vida eterna tanto no inferno como no paraíso e levou certos ladrões à penitência.
A terceira parte desta obra remete para um conjunto de milagres de Santo António que foram provados diante do bispo de Pádua. Recorrendo a uma visão, o Santo curou um surdo-mudo de nascença que servia a Dona do Mosteiro de Pádua, restituiu a língua e os olhos a um homem que o demónio atacara, mantera vivo um frade que deixara de falar e de se alimentar, ressuscitou um menino que se afogara numa tina de água, curou uma mulher que sofria de uma certa enfermidade na cabeça e um frade que possuía uma dolorosa ruptura intestinal, dispensou um médico de nome Pedro de servir em combate e libertou a cidade de Pádua do tirano Ezzelino (37).
Nos últimos capítulos evidencia-se a intrínseca relação que se estabelecera entre Santo António e São Francisco, mensageiros da mesma palavra divina. No caso de Santo António, a sua língua mantivera-se fresca mesmo depois de sepultado. Citando frei Boaventura “...Ó língua bendita, que sempre a Deus louvaste e bendisseste, e aos outros ensinaste a louvar e bendizer, agora claramente se nos mostra quantos foram teus méritos junto de Deus...(38).
A viagem surge para o homem medieval, não só no sentido físico mas também no domínio do simbólico, como vida após a morte. Os homens e as mulheres consideram-se, na Terra, numa vida de transição, a caminho de Jerusalém Celeste. Assim, o conceito de viajante é estrutural à vida medieva, ou seja, o viator (viático) reúne condições para realizar a última viagem. Neste sentido, torna-se imprescindível aludir aos milagres atribuídos a Santo António depois da sua morte. O primeiro sucedeu no momento em que Santo António ter-se-á despedido do Abade Vercelhas. “...E tomando sentido, achou que, de verdade o Santo havia passado desta a melhor naquela mesma hora em que o visitara...”(31). Aquando a sua canonização pelo Papa Gregório IX ocorreria um novo facto sobrenatural. “...os sinos da cidade de Lisboa tocaram por si mesmos, não os tangendo ninguém. Era para se dizer que as vozes dos sinos apregoavam a solenidade que lá longe se fazia em honra de Santo António..”(32).
O capítulo XXXVI fala da salvação de um moço que morrera afogado, supostamente, o sobrinho de Santo António. “...E o certo foi que, ao terceiro dia, à vista de muitos que eram presentes, o moço levantou-se e reviveu. Pelo qual milagre todos deram muitos louvores a Deus e a Santo António..”(33). No capítulo XLVII é tratado um naufrágio que tirara a vida a dez crianças, mas que a “...todas deus ressuscitar, por intercessão de Santo António...”(34). No âmbito da cura dos males físicos é ainda apresentada a salvação da filha do Rei de Leão, da filha de D. Teresa (rainha de Portugal), de um cego, de um leproso, de um surdo-mudo, e de um ferido de guerra (35).
Na verdade, a sua permanente luta contra o demónio prolongou-se para além da sua morte. Como tal, salvou uma dona muito poderosa que tinha como camareira a criatura do mal. D. Loba , arrependida dos seus pecados proferiu a confissão e “...pediu para mortalha osaial dos Frades menores; e, recebendo-o das mãos daqueles frades, bem-aventuradamente no Senhor adormeceu. E os dois frades logo desapareceram. (...) E todos os que ali eram presentes se persuadiram que deviam ser nem mais nem menos que São Francisco e Santo António...”(36).
Através de uma visão Santo António impedira uma mulher de se suicidar, a outra dera conhecimento da vida eterna tanto no inferno como no paraíso e levou certos ladrões à penitência.
A terceira parte desta obra remete para um conjunto de milagres de Santo António que foram provados diante do bispo de Pádua. Recorrendo a uma visão, o Santo curou um surdo-mudo de nascença que servia a Dona do Mosteiro de Pádua, restituiu a língua e os olhos a um homem que o demónio atacara, mantera vivo um frade que deixara de falar e de se alimentar, ressuscitou um menino que se afogara numa tina de água, curou uma mulher que sofria de uma certa enfermidade na cabeça e um frade que possuía uma dolorosa ruptura intestinal, dispensou um médico de nome Pedro de servir em combate e libertou a cidade de Pádua do tirano Ezzelino (37).
Nos últimos capítulos evidencia-se a intrínseca relação que se estabelecera entre Santo António e São Francisco, mensageiros da mesma palavra divina. No caso de Santo António, a sua língua mantivera-se fresca mesmo depois de sepultado. Citando frei Boaventura “...Ó língua bendita, que sempre a Deus louvaste e bendisseste, e aos outros ensinaste a louvar e bendizer, agora claramente se nos mostra quantos foram teus méritos junto de Deus...(38).
A devoção e o apreço a Santo António afiguram-se como um elemento de ligação no espaço e no tempo. Deste modo, prevalece um modelo de comunicação que se mantém fiel à esperança das graças que podem ser obtidas por sua intercessão. Mais do que procurar entender o seu percurso vivencial, o crente segue o rumo da sua fé, conferindo-lhe um significado que transpõe toda e qualquer barreira existencial.
Ao longo de oito séculos, Santo António terá operado no espírito de inúmeros devotos que ainda hoje entoam a oração eterna:
Ao longo de oito séculos, Santo António terá operado no espírito de inúmeros devotos que ainda hoje entoam a oração eterna:
Santo António, escutai-me hoje e sempre:
Santo António, fortalecei-me na fé;
Santo António, conservai-me a esperança;
Santo António, abraçai-me na caridade;
Santo António, iluminai o meu espírito
Santo António, guiai os meus passos;
Santo António, guiai os meus passos;
Santo António, ajudai-me nas dificuldades;
Santo António, consolai-me nas minhas tristezas;
Eu me encomendo a vós;
Não me desampareis na hora derradeira;
Livrai-me das tentações do inimigo;
Defendei-me no Tribunal de Deus;
Conduzi-me à bem-aventurança do Céu, onde
eu possa louvar-vos por toda a eternidade. Amén.(38)
Santo António, fortalecei-me na fé;
Santo António, conservai-me a esperança;
Santo António, abraçai-me na caridade;
Santo António, iluminai o meu espírito
Santo António, guiai os meus passos;
Santo António, guiai os meus passos;
Santo António, ajudai-me nas dificuldades;
Santo António, consolai-me nas minhas tristezas;
Eu me encomendo a vós;
Não me desampareis na hora derradeira;
Livrai-me das tentações do inimigo;
Defendei-me no Tribunal de Deus;
Conduzi-me à bem-aventurança do Céu, onde
eu possa louvar-vos por toda a eternidade. Amén.(38)
(1) De acordo com a obra Devotas Orações Em Honra e louvor de Santo António, Torres Vedras, Gráfica Torriana, pág.5.
(2) VAUCHEZ, André, A Espiritualidade da Idade Média (Séc. VIII-XIII), Lisboa, Editorial Estampa, 1995, pág.118.
(3) KRUS, Luís; CALDEIRA, Arlindo, 8º Centenário do Nascimento de Santo António, (coord. José Mattoso), CTT Correios, 1995, pág.19.
(4) IDEM, Ibidem, pág.31.
(5) VAUCHEZ, André, Obr. Cit., pág.180.
(6) LOPES, Félix, P.F, Florinhas de Santo António de Lisboa, trad. do «Liber Miraculorum», 5ªed., Braga, Editorial Franciscana, 1993, pág.10.
(7) IDEM, Ibidem, pág.14.
(8) IDEM, Ibidem,pág.18
(9) IDEM, Ibidem,pág.62
(10) IDEM, Ibidem,pág.73
(11) IDEM, Ibidem,pág.81
(12) IDEM, Ibidem,pág.86
(13) IDEM, Ibidem,pág.114
(14) IDEM, Ibidem,pág.46
(15) IDEM, Ibidem,pág.49
(16) IDEM, Ibidem,pág.44
(17) IDEM, Ibidem,pág.67
(18) IDEM, Ibidem,pág.59
(19) IDEM, Ibidem,pág.128
(20) IDEM, Ibidem,pág.25
(21) IDEM, Ibidem,pp. 64-65
(22) IDEM, Ibidem,pág.67
(23) IDEM, Ibidem,pág.67
(24) IDEM, Ibidem, pág.76
(25) OLIVEIRA de, António Resende, “Comunicar no Portugal medieval: os relatos de cronistas”, in As Comunicações na Idade Média(coord. De Maria Helena da Cruz Coelho), Lisboa, Fundação Portuguesa das Comunicações, 2002, pág.38.
(26) IDEM, Ibidem,pág.38
(27) LOPES, P.F. Félix, Obr.Cit. pg. 84-87.
(28) KRUS, Luís; CALDEIRA, Arlindo, Obr. Cit. pág.32.
(29) KRUS, Luís; CALDEIRA, Arlindo, Obr.Cit.43.
(30) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pg.55-56.
(31) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pg.95
(32) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pg. 97
(33) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pg. 100
(34) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pg.121
(35) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pp. 104-112
(36) LOPES , P.F. Félix, Obr. Cit. pg.123-124
(37) LOPES , P.F. Félix, Obr .Cit. pg.43-159
(38) LOPES , P.F. Félix, Obr .Cit. pg.43-159
(39) Cf. in Devotas Orações em honra e louvor de Santo António, Torres Vedras, Gráfica Torriana, s.d, pág.28.
(2) VAUCHEZ, André, A Espiritualidade da Idade Média (Séc. VIII-XIII), Lisboa, Editorial Estampa, 1995, pág.118.
(3) KRUS, Luís; CALDEIRA, Arlindo, 8º Centenário do Nascimento de Santo António, (coord. José Mattoso), CTT Correios, 1995, pág.19.
(4) IDEM, Ibidem, pág.31.
(5) VAUCHEZ, André, Obr. Cit., pág.180.
(6) LOPES, Félix, P.F, Florinhas de Santo António de Lisboa, trad. do «Liber Miraculorum», 5ªed., Braga, Editorial Franciscana, 1993, pág.10.
(7) IDEM, Ibidem, pág.14.
(8) IDEM, Ibidem,pág.18
(9) IDEM, Ibidem,pág.62
(10) IDEM, Ibidem,pág.73
(11) IDEM, Ibidem,pág.81
(12) IDEM, Ibidem,pág.86
(13) IDEM, Ibidem,pág.114
(14) IDEM, Ibidem,pág.46
(15) IDEM, Ibidem,pág.49
(16) IDEM, Ibidem,pág.44
(17) IDEM, Ibidem,pág.67
(18) IDEM, Ibidem,pág.59
(19) IDEM, Ibidem,pág.128
(20) IDEM, Ibidem,pág.25
(21) IDEM, Ibidem,pp. 64-65
(22) IDEM, Ibidem,pág.67
(23) IDEM, Ibidem,pág.67
(24) IDEM, Ibidem, pág.76
(25) OLIVEIRA de, António Resende, “Comunicar no Portugal medieval: os relatos de cronistas”, in As Comunicações na Idade Média(coord. De Maria Helena da Cruz Coelho), Lisboa, Fundação Portuguesa das Comunicações, 2002, pág.38.
(26) IDEM, Ibidem,pág.38
(27) LOPES, P.F. Félix, Obr.Cit. pg. 84-87.
(28) KRUS, Luís; CALDEIRA, Arlindo, Obr. Cit. pág.32.
(29) KRUS, Luís; CALDEIRA, Arlindo, Obr.Cit.43.
(30) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pg.55-56.
(31) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pg.95
(32) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pg. 97
(33) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pg. 100
(34) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pg.121
(35) LOPES , P.F. Félix, Obr.Cit. pp. 104-112
(36) LOPES , P.F. Félix, Obr. Cit. pg.123-124
(37) LOPES , P.F. Félix, Obr .Cit. pg.43-159
(38) LOPES , P.F. Félix, Obr .Cit. pg.43-159
(39) Cf. in Devotas Orações em honra e louvor de Santo António, Torres Vedras, Gráfica Torriana, s.d, pág.28.
ANEXOS A-E | |
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BIBLIOGRAFIA
COELHO, Maria Helena da Cruz (coord.), As Comunicações na Idade Média, Lisboa, Fundação Portuguesa das Comunicações – Gabinete de Comunicação Institucional, Março de 2002.
Devotas Orações em honra e louvor de Santo António, Torres Vedras, Gráfica Torriana, s.d.
KRUS, Luís e CALDEIRA, Arlindo, 8º Centenário do Nascimento de Santo António, Lisboa, CTT Correios, 1995.
LOPES, P. F. Félix, Florinhas de Santo António de Lisboa, trad. do «Liber Miraculorum», 5ª ed., Braga, Editorial Franciscana, 1993.
MARTINS, Mário, Peregrinações e livros de milagres na nossa Idade Média, Lisboa, Brotéria, 1957.
NASCIMENTO, Aires, “Hagiografia” e “Milagres Medievais”, in LANCIANI, G., TAVANI, G. (dir.), Dicionário da Literatura Medieval Galega e Portuguesa, Lisboa, Caminho, 1993.
ROSA, Maria de Lurdes, “A Santidade no Portugal Medieval: narrativas e Trajectos de Vida”, in Lusitana Sacra, 2ª Série, XIII-XIV, 2001.
VAUCHEZ, André, A Espiritualidade da Idade Média (Séc. VIII-XIII), Lisboa, Editorial Estampa, 1995.
VERDON, Jean, Voyager au Moyen Age, Paris, Perrin, 1998.
ANEXOS :
As fotografias do Anexo F são da autoria de Marco Monteiro.
As imagens dos Anexos G, H, I, J e K foram retiradas da obra de Luís Krus e Arlindo Caldeira, 8º Centenário do Nascimento de Santo António, acima referenciada.
O extracto do mapa da cidade de Lisboa (Anexo L) foi retirado do site http:\\portalat1.emfa.pt (portal interno da Força Aérea Portuguesa).