CHAUNU, Pierre, A Civilização da Europa Clássica, (trad. Teresa F. Rodrigues), Vol. I/II, Lisboa, Editorial Estampa, nº 48 e 49, 1947.
Marco Monteiro, historiador
M. Pierre Chaunu foi um historiador francês nascido em 1923, perto do campo da batalha de Verdun.
O autor iniciou a sua carreira profissional como docente de história no liceu Bar-le-Duc, em 1947.
Ao longo do seu percurso elaborou importantes estudos e desempenhou notáveis cargos como o de fundador do Centre de Recherches d’Histoire Quantitative, em 1966.
A sua concepção segue a linha historiográfica dos Annales, sintetizada no pensamento da segunda geração, fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch, em 1929. É possível estabelecer a correlação entre Économies, sociétés e civilizations. A mesma reconhece “... que numa sociedade, seja ela qual for, tudo se liga e se determina mutuamente: a estrutura política e social, a economia, as crenças, as mais elementares e as mais subtis manifestações da mentalidade...”(1)
A análise dos acontecimentos, das estruturas e das conjunturas afirma-se como uma mais valia ao estudo do homem e das sociedades. Trata-se de uma historiografia que “... louva a unidade das ciências humanas, tenta edificar uma «história total» e mantém a ligação entre o passado e o presente...”(2) Assim, e de acordo com as principais ideias que dimensionam a Nova História, Chaunu pretende conceptualizar uma ciência que não se restrinja à singular descrição.
Em conformidade com as palavras de Fernand Braudel “... a história continuou dentro desta mesma linha, a alimentar-se das outras ciências do homem [...] há uma história económica [...] uma maravilhosa história geográfica [...] uma demografia histórica [...] há mesmo uma história social...”(3)
Deste modo, a Civilização da Europa Clássica remete para uma história quantitativa, serial e comparativa. As periodizações e as análises estruturais e dinâmicas revelam algumas influências do pensamento marxista.
No seio do seu vastíssimo trabalho escolhemos apenas alguns títulos que tocam o assunto central da obra estudada. Desta feita, a tese Séville et l’Atlantique (1959), da Civilization de l’Europe Classique et l’Europe des lumiéres (1971), Histoire quantitative, histoire sérielle (1978), entre muitas outras publicações e discursos, acentuam um estudo que parte das variações para chegar a um todo homogéneo.
A Civilização da Europa Clássica (publicada pela primeira vez em Caen (1966), integra o autor no conjunto da sua investigação. Aos agradecimentos feitos por Chaunu, a todos os que possibilitaram a realização deste trabalho segue-se um prefácio assinado por Raymond Bloch. Genericamente, apresenta-se resumida toda a sua obra. A Europa Clássica, período que abrange o ano de 1620 até 1750, é o resultado de um processo evolutivo e de maturação que se inicia no âmbito das mentalidades. Na introdução, o autor reforça as palavras de Raymond Bloch, denotando-se uma perspectiva que assenta no conceito de continuidade e progressividade histórica.
Na primeira parte intitulada de “Estado e Estados”, subdividida em quatro capítulos num total de 149 páginas (onde se destacam 27 mapas e 2 gráficos) é elaborada uma descrição político-institucional dos chamados Estados Modernos. A orgânica estatal forma-se a partir a partir de causas diversas e a sua existência depende quer do reconhecimento interno, quer do reconhecimento por parte dos outros estados.
Apesar das significativas mutações ocorridas durante a cronologia analisada (sec. XVII-XVIII) “... o estado, ainda se escreve melhor no plural que no singular, na Europa Clássica...”(4) A diversidade e multiplicidade de sistemas políticos aliados a uma inconsistência de fronteiras dificultam a edificação de uma realidade territorial concretamente definida. Todavia, a mudança das instituições e a existência de meios humanos e materiais permitem a alteração do modelo apresentado. Porém, a história da Europa Clássica está marcada por um conjunto de inúmeros tumultos populares. A França, as Ilhas Britânicas, o Império Castelhano sentiram uma eclosão de revoltas indissociáveis de sentimentos regionalistas e nacionalistas. Na sua essência, os aspectos anteriormente enunciados justificam o declínio da posição hegemónica do Império Espanhol.
Embora a modernidade reúna características similares no seu desenvolvimento, na verdade, não se deve cair no erro da generalização ou do fatalismo. O estado enquanto entidade constitucional adquire a sua plena realização com o surgimento de uma nova forma de poder. Neste sentido, a coroa aposta numa crescente nomeação de cargos como o de Intendente, Oficial e Comissário. Na maior parte dos casos pertencem a uma nobreza togada e aproveitam a intensificação de uma venalidade de cargos. A consciencialização do aparato político exprime-se sob a eleição de um válido/favorito. Trata-se de alguém que merece a total confiança régia. No presente quadro destaca-se a figura do Duque de Lerma no reinado de Filipe III e do Duque de Olivares na Espanha de Filipe IV. No caso francês apresenta-se o exemplo de Coincini durante a regência de Catarina de Médias, do Cardeal de Richelieu na monarquia de Luís XIII e de Colbert na corte de Luís XIV.
Talvez seja mais correcto falar de estados do que de estado, visto o poder se encontrar distribuído por várias potências. Deste modo, distingue-se o término de uma preponderância unilateral. A supremacia territorial, institucional e económica encontra-se repartida entre os estados mais desenvolvidos. No presente contexto efectuam-se coligações cujo objectivo fundamental é a protecção de interesses de cariz territorial e imperialista. No seio de uma constante mudança, verifica-se um avanço para o Norte e mais timidamente para Leste da Europa e uma maior penetração no continente americano e no continente asiático. Decididamente estão ultrapassadas as barreiras da cristandade e, sobretudo, do Mediterrâneo.
A segunda parte da obra, intitulada Longa Duração e Civilização Material estrutura-se em VII capítulos, ocupando cerca de 189 páginas (onde se contabilizam 20 mapas e 63 gráficos) e representa a articulação entre várias ciências. A dinâmica dos Estados Modernos condiciona e é simultaneamente condicionada por aspectos como a Demografia, a História Social, a Economia Rural e Urbana e as suas implicações comerciais e industriais na vida destas sociedades. Trata-se de uma macro-estrutura que se indissocia de mecanismos como a nupcialidade, a fecundidade, a natalidade e a mortalidade. É importante ter em conta a intervenção directa ou indirecta de micro-estruturas que alteram ou mantêm o sistema demográfico. A sazonalidade dos casamentos, das concepções e nascimentos e das próprias taxas de mortalidade são agentes activos no referido campo. Os intervalos proto e inter-genéticos, a legitimidade e a ilegitimidade infantil assim como a influência dos valores morais dentro e fora do casamento devem ser devidamente estudados.
De forma global existe uma substituição das estruturas demográficas antigas por estruturas demográficas modernas.
Os conflitos armados diminuíram, assim como as chamadas crises cíclicas. Os progressos no campo da medicina assim como uma maior difusão das práticas contraceptivas são causas decisivas para o recuo da mortalidade e sobretudo da natalidade.
No que concerne à ocupação do solo, o mesmo organiza-se de forma irregular. Não obstante um período de assinaláveis arroteamentos, denota-se uma discrepância entre um Norte densamente povoado e um Leste onde predominam os espaços desérticos.
Ainda que a economia rural, sobretudo a agricultura, constituísse uma actividade económica de primeira instância no século XVIII, os sectores mais ricos da economia foram os da produção industrial e de comércio (é importante ter presente a promulgação de leis de cariz mercantilista. Deste modo, o colbertismo traçado pelo ministro de Luís XIV visa a protecção e estimulação da produção nacional). A actividade económica permitiu uma acumulação de capitais não só obtidos internamente como, e essencialmente, através do tráfego marítimo entre a Europa e as costas do Extremo Oriente e das colónias americanas. Para que tal desenvolvimento fosse possível tornou-se indispensável um melhoramento de transporte e das redes de comunicação.
Após o estudo da demografia e da disposição das populações no solo, é uma mais valia a alusão a uma sociedade que se divide em ordens ou classes, ou seja, uma sociedade rigidamente hierarquizada e estratificada. Ao tradicional modelo tripartido junta-se a influência de uma burguesia cujo domínio económico é relevante sobretudo nas sociedades marítimas. Assim, e face à degradação da pequena nobreza e do baixo clero, a burguesia procura ascender socialmente por intermédio de uma nobilitação assente no seu poder capitalista. O século XVIII assiste ao triunfo do sistema monetário e à articulação entre conjunturas económico-financeiras que se desenvolvem no centro de uma estrutura globalizante. O desenvolvimento da banca e as suas consequentes flutuações condicionam a política da Europa Clássica e são responsáveis pelo apogeu técnico e científico que se avizinha.
No que refere à terceira parte – A Aventura do Espírito engloba quatro capítulos num total de 125 páginas (contém cerca de quatro imagens e dois mapas) e coaduna-se com o plano cultural e das mentalidades. A Grande Revolução foi possível graças à consolidação político-institucional e ao avanço sócio-económico vigente no seio de uma sociedade que caminha para o progresso.
O autor iniciou a sua carreira profissional como docente de história no liceu Bar-le-Duc, em 1947.
Ao longo do seu percurso elaborou importantes estudos e desempenhou notáveis cargos como o de fundador do Centre de Recherches d’Histoire Quantitative, em 1966.
A sua concepção segue a linha historiográfica dos Annales, sintetizada no pensamento da segunda geração, fundada por Lucien Febvre e Marc Bloch, em 1929. É possível estabelecer a correlação entre Économies, sociétés e civilizations. A mesma reconhece “... que numa sociedade, seja ela qual for, tudo se liga e se determina mutuamente: a estrutura política e social, a economia, as crenças, as mais elementares e as mais subtis manifestações da mentalidade...”(1)
A análise dos acontecimentos, das estruturas e das conjunturas afirma-se como uma mais valia ao estudo do homem e das sociedades. Trata-se de uma historiografia que “... louva a unidade das ciências humanas, tenta edificar uma «história total» e mantém a ligação entre o passado e o presente...”(2) Assim, e de acordo com as principais ideias que dimensionam a Nova História, Chaunu pretende conceptualizar uma ciência que não se restrinja à singular descrição.
Em conformidade com as palavras de Fernand Braudel “... a história continuou dentro desta mesma linha, a alimentar-se das outras ciências do homem [...] há uma história económica [...] uma maravilhosa história geográfica [...] uma demografia histórica [...] há mesmo uma história social...”(3)
Deste modo, a Civilização da Europa Clássica remete para uma história quantitativa, serial e comparativa. As periodizações e as análises estruturais e dinâmicas revelam algumas influências do pensamento marxista.
No seio do seu vastíssimo trabalho escolhemos apenas alguns títulos que tocam o assunto central da obra estudada. Desta feita, a tese Séville et l’Atlantique (1959), da Civilization de l’Europe Classique et l’Europe des lumiéres (1971), Histoire quantitative, histoire sérielle (1978), entre muitas outras publicações e discursos, acentuam um estudo que parte das variações para chegar a um todo homogéneo.
A Civilização da Europa Clássica (publicada pela primeira vez em Caen (1966), integra o autor no conjunto da sua investigação. Aos agradecimentos feitos por Chaunu, a todos os que possibilitaram a realização deste trabalho segue-se um prefácio assinado por Raymond Bloch. Genericamente, apresenta-se resumida toda a sua obra. A Europa Clássica, período que abrange o ano de 1620 até 1750, é o resultado de um processo evolutivo e de maturação que se inicia no âmbito das mentalidades. Na introdução, o autor reforça as palavras de Raymond Bloch, denotando-se uma perspectiva que assenta no conceito de continuidade e progressividade histórica.
Na primeira parte intitulada de “Estado e Estados”, subdividida em quatro capítulos num total de 149 páginas (onde se destacam 27 mapas e 2 gráficos) é elaborada uma descrição político-institucional dos chamados Estados Modernos. A orgânica estatal forma-se a partir a partir de causas diversas e a sua existência depende quer do reconhecimento interno, quer do reconhecimento por parte dos outros estados.
Apesar das significativas mutações ocorridas durante a cronologia analisada (sec. XVII-XVIII) “... o estado, ainda se escreve melhor no plural que no singular, na Europa Clássica...”(4) A diversidade e multiplicidade de sistemas políticos aliados a uma inconsistência de fronteiras dificultam a edificação de uma realidade territorial concretamente definida. Todavia, a mudança das instituições e a existência de meios humanos e materiais permitem a alteração do modelo apresentado. Porém, a história da Europa Clássica está marcada por um conjunto de inúmeros tumultos populares. A França, as Ilhas Britânicas, o Império Castelhano sentiram uma eclosão de revoltas indissociáveis de sentimentos regionalistas e nacionalistas. Na sua essência, os aspectos anteriormente enunciados justificam o declínio da posição hegemónica do Império Espanhol.
Embora a modernidade reúna características similares no seu desenvolvimento, na verdade, não se deve cair no erro da generalização ou do fatalismo. O estado enquanto entidade constitucional adquire a sua plena realização com o surgimento de uma nova forma de poder. Neste sentido, a coroa aposta numa crescente nomeação de cargos como o de Intendente, Oficial e Comissário. Na maior parte dos casos pertencem a uma nobreza togada e aproveitam a intensificação de uma venalidade de cargos. A consciencialização do aparato político exprime-se sob a eleição de um válido/favorito. Trata-se de alguém que merece a total confiança régia. No presente quadro destaca-se a figura do Duque de Lerma no reinado de Filipe III e do Duque de Olivares na Espanha de Filipe IV. No caso francês apresenta-se o exemplo de Coincini durante a regência de Catarina de Médias, do Cardeal de Richelieu na monarquia de Luís XIII e de Colbert na corte de Luís XIV.
Talvez seja mais correcto falar de estados do que de estado, visto o poder se encontrar distribuído por várias potências. Deste modo, distingue-se o término de uma preponderância unilateral. A supremacia territorial, institucional e económica encontra-se repartida entre os estados mais desenvolvidos. No presente contexto efectuam-se coligações cujo objectivo fundamental é a protecção de interesses de cariz territorial e imperialista. No seio de uma constante mudança, verifica-se um avanço para o Norte e mais timidamente para Leste da Europa e uma maior penetração no continente americano e no continente asiático. Decididamente estão ultrapassadas as barreiras da cristandade e, sobretudo, do Mediterrâneo.
A segunda parte da obra, intitulada Longa Duração e Civilização Material estrutura-se em VII capítulos, ocupando cerca de 189 páginas (onde se contabilizam 20 mapas e 63 gráficos) e representa a articulação entre várias ciências. A dinâmica dos Estados Modernos condiciona e é simultaneamente condicionada por aspectos como a Demografia, a História Social, a Economia Rural e Urbana e as suas implicações comerciais e industriais na vida destas sociedades. Trata-se de uma macro-estrutura que se indissocia de mecanismos como a nupcialidade, a fecundidade, a natalidade e a mortalidade. É importante ter em conta a intervenção directa ou indirecta de micro-estruturas que alteram ou mantêm o sistema demográfico. A sazonalidade dos casamentos, das concepções e nascimentos e das próprias taxas de mortalidade são agentes activos no referido campo. Os intervalos proto e inter-genéticos, a legitimidade e a ilegitimidade infantil assim como a influência dos valores morais dentro e fora do casamento devem ser devidamente estudados.
De forma global existe uma substituição das estruturas demográficas antigas por estruturas demográficas modernas.
Os conflitos armados diminuíram, assim como as chamadas crises cíclicas. Os progressos no campo da medicina assim como uma maior difusão das práticas contraceptivas são causas decisivas para o recuo da mortalidade e sobretudo da natalidade.
No que concerne à ocupação do solo, o mesmo organiza-se de forma irregular. Não obstante um período de assinaláveis arroteamentos, denota-se uma discrepância entre um Norte densamente povoado e um Leste onde predominam os espaços desérticos.
Ainda que a economia rural, sobretudo a agricultura, constituísse uma actividade económica de primeira instância no século XVIII, os sectores mais ricos da economia foram os da produção industrial e de comércio (é importante ter presente a promulgação de leis de cariz mercantilista. Deste modo, o colbertismo traçado pelo ministro de Luís XIV visa a protecção e estimulação da produção nacional). A actividade económica permitiu uma acumulação de capitais não só obtidos internamente como, e essencialmente, através do tráfego marítimo entre a Europa e as costas do Extremo Oriente e das colónias americanas. Para que tal desenvolvimento fosse possível tornou-se indispensável um melhoramento de transporte e das redes de comunicação.
Após o estudo da demografia e da disposição das populações no solo, é uma mais valia a alusão a uma sociedade que se divide em ordens ou classes, ou seja, uma sociedade rigidamente hierarquizada e estratificada. Ao tradicional modelo tripartido junta-se a influência de uma burguesia cujo domínio económico é relevante sobretudo nas sociedades marítimas. Assim, e face à degradação da pequena nobreza e do baixo clero, a burguesia procura ascender socialmente por intermédio de uma nobilitação assente no seu poder capitalista. O século XVIII assiste ao triunfo do sistema monetário e à articulação entre conjunturas económico-financeiras que se desenvolvem no centro de uma estrutura globalizante. O desenvolvimento da banca e as suas consequentes flutuações condicionam a política da Europa Clássica e são responsáveis pelo apogeu técnico e científico que se avizinha.
No que refere à terceira parte – A Aventura do Espírito engloba quatro capítulos num total de 125 páginas (contém cerca de quatro imagens e dois mapas) e coaduna-se com o plano cultural e das mentalidades. A Grande Revolução foi possível graças à consolidação político-institucional e ao avanço sócio-económico vigente no seio de uma sociedade que caminha para o progresso.
Genericamente o século XVIII acaba por agregar o conceito de iluminismo à escala da Europa Ocidental. Todavia, os limites cronológicos geográficos são muito amplos. O século das luzes não deve ser aniquilado no gérmen de uma extensão territorial e temporal restrita. É possível assinalar formas concordantes com o averroísmo latino, com o nomialismo escolástico e com as filosofias humanistas. Trata-se de uma mudança cultural que suplantou os limites do capitalismo dos países protestantes. Globalmente a razão exprime por um carácter crítico e analítico capaz de resolver os problemas da vida, da ciência e do ser humano. A fé na ciência permite uma matematização do mundo. A mesma assentou no método e na observação e possibilitou grandes avanços nos campos da astronomia, física, química e geometria. Assim, “...os construtores do mundo moderno chamam-se Galileu, Kepler, Descartes, Leibniz e Newton...”(5) e conferem sentido ao classicismo dos séculos XVII e XVIII.
A par da Revolução Científica e Mental, ocorreu uma verdadeira Revolução Religiosa. A questão já não se centra tanto na oposição entre o catolicismo e o protestantismo. As confrontações são sobretudo de ordem interna. O barroco, mais do que uma expressão do triunfo católico, afirma a preponderância de um século essencialmente teológico.
O Iluminismo não deve ser apontado como o responsável pelo desregramento da ordem, pois as mudanças já se haviam operado no pensamento. Além disso, a religião converteu-se para os iluministas num meio de fomentar a virtude o bem, o progresso e a felicidade.
De uma forma extraordinária, Chaunu consegue fazer um excelente encadeamento entre os capítulos e quase os resume nos títulos que lhes atribuí. Estamos perante uma análise não isolada de outros campos do saber. Assim, merece ser elogiada por valer-se de uma interdisciplinaridade à feitura da própria história. A sua escrita permite ao leitor que não se perca nem se desvie drasticamente do tema central da mesma.
Para além dos textos que completam os diversos mapas e gráficos, o autor aprofunda a sua exposição através de um conjunto de quadros cronológicos, reencaminham-nos para alguns termos considerados de maior importância através do índice documental e ainda orienta o leitor através da orientação bibliográfica. Por fim, o índice de gravuras facilita a localização e integração dos textos.
Compreender uma civilização com um período cronológico tão vasto quanto este da civilização clássica, é sem dúvida uma tarefa que se adivinha já por si complicada. No entanto, inserir toda esta cronologia numa única obra, tal como o fez Pierre Chaunu, reunindo os feitos essenciais e descrevendo-os em traços largos, isso sim, é sem dúvida digno de mérito e de público louvor.
A par da Revolução Científica e Mental, ocorreu uma verdadeira Revolução Religiosa. A questão já não se centra tanto na oposição entre o catolicismo e o protestantismo. As confrontações são sobretudo de ordem interna. O barroco, mais do que uma expressão do triunfo católico, afirma a preponderância de um século essencialmente teológico.
O Iluminismo não deve ser apontado como o responsável pelo desregramento da ordem, pois as mudanças já se haviam operado no pensamento. Além disso, a religião converteu-se para os iluministas num meio de fomentar a virtude o bem, o progresso e a felicidade.
De uma forma extraordinária, Chaunu consegue fazer um excelente encadeamento entre os capítulos e quase os resume nos títulos que lhes atribuí. Estamos perante uma análise não isolada de outros campos do saber. Assim, merece ser elogiada por valer-se de uma interdisciplinaridade à feitura da própria história. A sua escrita permite ao leitor que não se perca nem se desvie drasticamente do tema central da mesma.
Para além dos textos que completam os diversos mapas e gráficos, o autor aprofunda a sua exposição através de um conjunto de quadros cronológicos, reencaminham-nos para alguns termos considerados de maior importância através do índice documental e ainda orienta o leitor através da orientação bibliográfica. Por fim, o índice de gravuras facilita a localização e integração dos textos.
Compreender uma civilização com um período cronológico tão vasto quanto este da civilização clássica, é sem dúvida uma tarefa que se adivinha já por si complicada. No entanto, inserir toda esta cronologia numa única obra, tal como o fez Pierre Chaunu, reunindo os feitos essenciais e descrevendo-os em traços largos, isso sim, é sem dúvida digno de mérito e de público louvor.
(1) BLOCH, Marc, Introdução à História, Mem Martins, Publicações Europa-América, 1976, pá. 161.
(2) BOURDÉ, Guy e HERVÉ, Martin, As Escolas Históricas, Mem Martins, Publicações Europa-América, 1983, pág. 131.
(3) Idem, ibidem
(4) CHAUNU, Pierre, A Civilização da Europa Clássica, Vol. I, Lisboa, Editorial Estampa, 1987, pág. 316.
(5) CHAUNU, Pierre, A Civilização da Europa Clássica, Vol. II, Lisboa, Editorial Estampa, 1987, pág. 31.
(2) BOURDÉ, Guy e HERVÉ, Martin, As Escolas Históricas, Mem Martins, Publicações Europa-América, 1983, pág. 131.
(3) Idem, ibidem
(4) CHAUNU, Pierre, A Civilização da Europa Clássica, Vol. I, Lisboa, Editorial Estampa, 1987, pág. 316.
(5) CHAUNU, Pierre, A Civilização da Europa Clássica, Vol. II, Lisboa, Editorial Estampa, 1987, pág. 31.